Advogando pela impunidade, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atacou o Judiciário, especialmente o Ministério Público Federal e os juízes da Lava Jato. Para ele, “a maior ameaça à democracia no Brasil” não são os corruptos e sim as “corporações, como a polícia, o Ministério Público e agrupamentos de juízes”.
Segundo Gilmar, prisões provisórias alongadas ou o que chamou de detenções para forçar delações premiadas são práticas abusivas da Operação Lava Jato e criariam um efeito negativo no sistema. Novamente, leitor, para ele, o problema não é a chaga da corrupção, mas a punição a ela.
“Isso passa a ter um efeito lá embaixo, em todos os locais. Tanto é que agora você tem o ‘Moro do Rio de Janeiro’, o ‘Moro do Pantanal’, o ‘Moro do não sei o diabo’. Vai ter Moro assim, né?”, disse, referindo ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O ministro alegou ainda que “não foi positivo” o efeito das declarações do Comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, na véspera do julgamento pelo STF do pedido de Habeas Corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gilmar Mendes votou a favor de conceder o HC para evitar a prisão, o que lhe rendeu elogios entre petistas.
O deputado Wadih Damous (PT/RJ), por exemplo, aparece em vídeo que circula nas redes sociais se referindo ao ministro como “aliado”, sem saber que estava sendo filmado. “Ontem estive com o Gilmar para levar as denúncias do Tacla Durán (advogado acusado de lavar dinheiro de empreiteiras). O Gilmar hoje é nosso aliado, amanhã volta a ser o nosso inimigo, mas hoje ele é nosso aliado. E nós somos aliados dele”, disse.