A Rede Globo explicou em nota que “todas as formas de contratação” de artistas que pratica “estão dentro da lei”.
Jair Bolsonaro está usando a Receita Federal para vasculhar os contratos entre ela e os artistas. Para a cúpula da emissora, a ação é uma perseguição mesquinha movida por Bolsonaro visando submeter o grupo de televisão.
A Receita Federal passou a investigar todos os contratos entre a Globo e os artistas, que aconteceram através de Pessoas Jurídicas (PJ).
Pelo menos 30 artistas, tanto de produções para a TV quanto para cinema, foram contatados pela Receita, que pede que seja explicado “de forma detalhada, apresentando a base legal utilizada, a motivação para que a contratação tenha ocorrido entre a Globo e a [empresa do artista] e não entre a Globo e o contribuinte”.
A Globo respondeu, através de nota enviada para a imprensa, que “todas as formas de contratação praticadas pela Globo estão dentro da lei”.
“Assim como qualquer empresa, a Globo é passível de fiscalização, tendo garantido por lei também o direito de questionar, em sua defesa, possíveis cobranças indevidas”, concluiu.
“Para destruir a Globo vale tudo”, disse o advogado Leonardo Antonelli, que faz a defesa de vários artistas.
A atriz Deborah Secco explicou à revista Veja que sempre foi contratada como Pessoa Jurídica. “Desde os oito anos já fiz filmes, peças de teatro, novelas, publicidade e para fazer tudo isso não há outra maneira que não como pessoa jurídica”.
Fontes do SBT, RedeTV, Record e Band garantiram ao site UOL que esse tipo de cobrança não está acontecendo nas emissoras, apesar delas também contratarem seus artistas como PJ.
O “Mito” tem atacado a imprensa, especialmente a Globo, inconformado com a cobertura de assuntos que o desagradam ou expõem irregularidades do governo. Um desses temas é o caso de corrupção investigado pela Justiça do Rio que envolve seu filho Flávio, no Rio de Janeiro. Flávio e seu assessor Fabrício Queiroz são investigados por desvios e lavagem de dinheiro.
Já em Julho ele ofendeu a colunista do Globo, Miriam Leitão, chamando-a de “mentirosa” porque em livro ela relata como foi vítima de tortura sob a ditadura. Em agosto do ano passado, dia 23, Jair Bolsonaro ficou irritado com o noticiário do Jornal Nacional sobre o panelaço que se espalhou pelo Brasil durante sua fala em rede nacional, para tentar explicar os desmatamentos e o fogaréu na Amazônia.
Em outubro ele insultou novamente a emissora pela cobertura ao depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, revelando que um dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes entrou no condomínio, poucas horas antes do crime, para ir, segundo disse, à casa de Jair Bolsonaro. E que Bolsonaro – pelo interfone – teria autorizado a entrada do solicitante.
Em um vídeo, Bolsonaro, nervoso, possesso, muito histérico, xingou a emissora: “porra! Patifes da TV Globo, canalhas!”.
Em dezembro voltou a atacar a Globo, acusando-a de “vazamentos seletivos” do inquérito que investiga o escândalo Queiroz/Flávio/Milícias. “Isso é um crime, o que eles estão fazendo. Querem me atingir”, disse ele, vitimando-se.
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