Líderes e autoridades do mundo todo condenam os militares golpistas e exigem respeito à democracia e ao governo legítimo de Luis Arce. População já se aglomera na sede do governo em defesa do país
O presidente da Bolívia, Luis Arce, acaba de informar ao mundo, nesta quarta-feira (26), que algumas unidades das Forças Armadas de seu país estão fazendo “mobilizações irregulares” no centro de La Paz. Em comunicado em suas redes sociais, Arce chamou a mobilização da população e exigiu que a democracia seja respeitada.
Milhares de pessoas já estão se dirigindo para a sede do governo para impedir o golpe e defender a democracia boliviana. A COB (Central Operária boliviana) convocou greve geral e chamou a população para ocuparem as ruas em defesa do país e da democracia.
Algumas unidades do Exército foram vistas agrupadas em praças e ruas da capital. A tentativa de golpe está sendo conduzida pelo general Juan José Zúñiga, que foi afastado do Comando das Forçar Armadas do país pelo presidente. O general Zúñiga e os militares que entraram na sede do governo deixaram o prédio, enquanto o ministro do Governo da Bolívia, Carlos Eduardo del Castillo, junto com outras autoridades, ficaram na porta.
A chanceler boliviana Celinda Sosa gravou um vídeo pronunciando sobre a situação e pediu o apoio da comunidade internacional frente à tentativa de golpe em curso no país.
“O Estado Plurinacional da Bolívia denuncia perante a comunidade internacional as mobilizações irregulares de algumas unidades do exército boliviano que ameaçam a democracia, a paz e a segurança do país. Fazemos um apelo à comunidade internacional e à população boliviana para que respeitem os valores democráticos e apoiem o governo do irmão presidente Luis Arce Catacora, constitucionalmente eleito pela vontade soberana do povo boliviano”, declarou.
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou trata-se de um golpe de Estado. Segundo Morales, um regimento do Exército colocou franco atiradores em uma praça de La Paz. O ex-presidente acusou o ex-comandante do Exército, o general Juan José Zuñiga, recém-destituído do cargo, de estar por trás da mobilização.
Líderes e autoridades de diversos países do mundo já se pronunciaram condenando a tentativa de golpe e declarando apoio à democracia e ao governo de Luis Arce. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou contrário à tentativa de golpe de Estado na Bolívia nesta quarta-feira (26), e afirmou que espera que a democracia prevaleça no país vizinho.
“Eu quero informações. Eu pedi para o ministro Mauro [Vieira, das Relações Exteriores] ligar para a Bolívia, ligar para o presidente [boliviano], ligar para o embaixador brasileiro, pra a gente ter certeza, pra ter uma posição. Mas, como eu sou um amante da democracia, eu quero que a democracia prevaleça na América Latina, golpe nunca deu certo”, disse o chefe do Planalto.
O presidente do México, Andrés Lopes Obrador e a presidente eleita, Claudia Sheinbaum, também denunciaram o atentado à democracia na Bolívia e exigiram respeito à democracia. A presidente de Honduras, Xiomara Castro, atualmente na presidência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), também falou em golpe de estado e pediu uma reunião de emergência dos Estados membros.
O presidente do Chile, Gabriel Boric e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro também protestaram contra o levante de algumas unidades militares. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez e o representante diplomático da Europa, Josep Borrell também se pronunciaram condenando o movimento golpista na Bolívia.