Magistrado quer que a corporação esclareça se algum certificado de vacinação foi apresentado pelo ex-presidente e pelos demais integrantes da comitiva presidencial quando entrou nos EUA
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, atendeu o pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinou que a PF (Polícia Federal) aprofunde as investigações que ligam o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL) à fraude no cartão de vacinação.
O pedido do procurador-geral Paulo Gonet foi feito após análise do relatório em que a PF imputou ao ex-presidente e mais 16 investigados crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.
O ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, afirmou, em depoimento à PF, que a fraude foi executada por ordem do ex-presidente. Isso tudo, porque Bolsonaro não admitia ter que tomar as vacinas. Primeiro, por negacionismo mesmo. Depois, para não cair em contradição diante dos fanáticos liderados. E, como isso, perder influência em período de cata de votos.
Loucura inominável que levou à morte, por essas influências negativas, centenas de milhares de pessoas, que se tivessem tomado os imunizantes, certamente, estariam vivas.
Durante a pandemia, que acometeu o Brasil de março de 2020 até fim de 2021, morreram mais de 700 mil brasileiros e brasileiros. O Brasil foi segundo País do mundo com mais óbitos. O primeiro, foram os EUA, com mais de 1 milhão de mortes.
CERTIFICADO DE VACINAÇÃO
Moraes quer que a PF esclareça se algum certificado de vacinação foi apresentado por Bolsonaro e pelos demais integrantes da comitiva presidencial quando entrou nos EUA e se havia, à época, norma que exigisse apresentação de certificado de vacina de todo estrangeiro, mesmo que fosse detentor de passaporte e visto diplomático.
Também determinou que a PF aprofunde as investigações sobre os indícios de falsidade dos registros de vacinação em nome dos familiares do deputado Gutemberg Reis de Oliveira (MDB-RJ) e para que seja relatado o resultado da quebra de sigilo do celular dele.
Por fim, Moraes quer que sejam anexados os laudos periciais dos demais aparelhos eletrônicos apreendidos, além daqueles do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel do Exército Mauro Cid, e da esposa, Gabriela Cid.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O relatório final da PF sobre a falsificação do certificado de vacinação contra covid-19 do ex-presidente descreve como esquema montado por Mauro Cid proporcionou certidões fraudadas para ao menos 9 pessoas.
A PF chegou às conclusões após colher depoimentos e apurar série de provas, incluindo mensagens em aplicativos de celular, registros de login em sistemas do Ministério da Saúde e dados de geolocalização dos investigados.
O sigilo sobre o relatório final foi levantado, na última terça-feira (19), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator, no STF, do inquérito na Corte. A PF indiciou o ex-presidente, Cid e o deputado federal Gutemberg Reis pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público.
ESQUEMA
Segundo a PF, o esquema começou em novembro de 2021, quando Cid pediu ao sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, colega na Ajudância de Ordens da Presidência, que o auxiliasse a conseguir cartão de vacinação forjado para a mulher, Gabriela Santiago Cid.
Reis acionou, então, o sobrinho, o médico Farley Vinicius de Alcântara, que obteve cartão de vacinação da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, preenchido com duas doses da vacina contra covid-19, em nome de Gabriela. Ela admitiu aos investigadores que não tomou o imunizante.
Os dados da vacina (data, lote, fabricante, aplicador) foram retirados de cartão de vacinação de enfermeira que teria sido vacinada na cidade de Cabeceiras (GO), segundo mensagens extraídas do serviço de nuvem em que Cid armazenou suas mensagens de WhatsApp.
M. V.