O governador da Bahia, Rui Costa, considerou como trágico o evento ocorrido no Farol de Barra, em Salvador, que resultou na morte do soldado Weslei Soares após ele atirar com tiros de fuzil contra os membros do Batalhão de Operações Especiais – Bope, no último domingo (28).
Após prestar solidariedade à família do PM e agradecer aos outros militares envolvidos na operação, que colocaram suas vidas em risco, Costa rechaçou as tentativas de usar o triste episódio para atacar as medidas necessárias de controle da Covid-19 e colocar as forças de segurança contra o governo.
“Quero lamentar profundamente o fato ocorrido neste domingo e ao mesmo tempo manifestar meus sentimentos à família do policial envolvido. Também quero estender minha solidariedade a todos os policiais que participaram da operação e colocaram suas vidas em risco”, declarou Rui, em vídeo publicado nas redes sociais.
O governador baiano lembrou que prefeitos e governadores que trabalham para salvar vidas vêm sofrendo constantes ataques. Como é o caso das ameaças de morte feitas contra o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, e os governadores de São Paulo, João Doria, e do Ceará, Camilo Santana.
“Se alguém acha que vai nos intimidar distribuindo mentira, calúnia, difamação, está muito enganado. Eu quero aqui reafirmar, ao povo da Bahia, o nosso compromisso de combater a pandemia. O nosso compromisso com a saúde e com a vida dos baianos e das baianas. Continuaremos lutando, dia após dia, por mais vacinas. Vacinas para os policiais militares e civis, para as guardas municipais, para os trabalhadores da educação”, disse o governador.
Ele também reafirmou o compromisso de “continuar trabalhando, dia após dia, pela paz em nosso país, pelo desenvolvimento, pela harmonia, pelo respeito à lei e à Constituição brasileira”. “Vamos continuar trabalhando para salvar vidas humanas”, assegurou.
Manipulação política
Seguidores de Bolsonaro tentaram utilizar o episódio da morte do soldado Weslei para construir uma versão de que o policial havia se rebelado contra as medidas de restrição contra a Covid-19. Dentre os incentivadores da turba contra o governador, estão a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e o filho de Jair Bolsonaro, também deputado federal, Eduardo Bolsonaro.
Na primeira reunião da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Bia Kicis foi cobrada por seus pares a pedir desculpas pelo ato.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi um dos que cobraram posicionamento da parlamentar e condenou o fato de não ter havido qualquer autocrítica.
“Eu imaginei, deputada Bia Kicis, que nós iniciaríamos a sessão de hoje com um pedido de desculpas. Imaginei que abriria os trabalhos e faria uma autocrítica de sua conduta. Foi uma incitação de um levante, motim policial, nas redes sociais”, disse o deputado. Posteriormente, em suas redes sociais, o parlamentar afirmou que era “o silêncio de quem não tem como defender a posição criminosa”.
A deputada Margarete Coelho (PP-PI) afirmou que a atitude de Kicis não contribuí para o andamento dos trabalhos da comissão. Desde o ocorrido, a renúncia de Bia Kicis do comando do colegiado tem sido cobrada por parte de parlamentares de oposição. O caso já rendeu a apresentação de representações contra a deputada no Conselho de Ética da Casa.