O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), entre outros políticos de diversos estados da União rechaçaram as declarações discriminatórias de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais.
Zema chamou os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste de “vaquinhas que produzem pouco”, enquanto o Sudeste e o Sul são as vaquinhas “que produzem muito” e são afetadas negativamente por políticas de combate à desigualdade.
Rodrigo Pacheco, senador por Minas e presidente do Senado Federal, afirmou que o Estado não cultiva a “cultura da exclusão. JK [Juscelino Kubitschek], o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo”.
‘Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país”, continuou.
Isolado, até mesmo em Minas Gerais, Zema disse que as pessoas estão “distorcendo os fatos”.
O bolsonarista ainda defendeu um consórcio Sudeste-Sul para antagonizar com os interesses dos Estados da região Nordeste.
Segundo Raquel Lyra, “o Nordeste é parte da solução do País e deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença. Nossos pleitos não vão além do que é justo diante de uma construção histórica tão conhecida. Não construiremos o Brasil que sonhamos com mais desigualdade”.
Na avaliação de outros parlamentares mineiros, a declaração de Romeu Zema demonstra o desconhecimento do governador sobre o Estado e prejudica os interesses de Minas Gerais.
O Consórcio Nordeste divulgou uma nota reafirmando que os estados que o compõem “apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução”.
“É importante reafirmar que a união regional dos Estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais Estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, continuou.
EDUARDO LEITE
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que “não acredita” que Romeu Zema disse nada de cunho separatista. “Se disse, não me representa”.
A opinião de outros políticos sobre a declaração de Romeu Zema:
João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba: “Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução,” a fala de Romeu Zema “parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”.
Gleisi Hoffmann (PR), deputada e presidente nacional do PT: “Ao contrário do que acham os desinformados e xenófobos como Zema, é o Nordeste que está puxando o PIB esse ano. Centro-Oeste deve crescer 2,3% e a economia nordestina 2,4%, puxados pela agropecuária e indústria, com destaques pra produção de alumínio no Maranhão, e do turismo. O Sul vem em terceiro lugar e o Sudeste é a única região que deve crescer menos do que a média do país – de 1,7%. Esse governador tá precisando estudar mais e cuidar do estado dele em vez de destilar preconceito”.
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo: apontou que a fala de Romeu Zema não representa os demais Estados das regiões Sul e Sudeste, que querem que o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) seja “um instrumento de colaboração para o desenvolvimento do Brasil e um canal de diálogo com as demais regiões”.
João Campos (PSB), prefeito de Recife: “Nosso Nordeste é único. As paisagens são incríveis, sim, mas bonito mesmo é perceber a força da nossa gente e a singularidade cultural da região. É reconhecer que somos berço de algumas das mentes mais brilhantes da Nação e origem da resistência política que sempre marcou a história do nosso país”.
Deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP): “A entrevista de Romeu Zema ao Estadão é a plataforma de lançamento de uma ANTICANDIDATURA presidencial. Exala preconceito contra Nordeste, Norte e Centro-Oeste comparando as regiões a vacas que produzem pouco e recebem muito. Matou qualquer pretensão no berço. Tiro no pé”.
Deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), ex-governador de Minas Gerais: “Minas nunca foi antagônica às regiões mais pobres do país, até porque fazemos parte delas, muito menos imaginou liderar esse antagonismo”.