Diante da insistência de Bolsonaro em caluniar os governadores da Região Norte do país, insinuando que eles estariam sendo coniventes com queimadas criminosas, os governadores reagiram com indignação.
“Os governadores da região não concordam com isso”, disse o governador do Amapá Waldez Goes (PDT), que é presidente do recém-criado consórcio dos Estados da Amazônia Legal, que, além do Amapá, reúne outros nove estados. “Transferir responsabilidade não vai resolver queimadas”, acrescentou Goes.
Em dois dias seguidos, na quarta-feira (21) e na quinta-feira (22), Jair Bolsonaro fez afirmações bastante levianas, na porta do Palácio da Alvorada, de que ONGs ambientais estariam provocando incêndios criminosos, segundo ele, porque não estariam mais recebendo recursos e, por isso, queriam derrubá-lo, e que governadores dos estados da Região Norte estariam sendo coniventes com esses crimes.
O irresponsável chegou a citar um suposto vídeo que, segundo ele, mostrariam chamas da mesma altura atingindo uma extensão de alguns quilômetros, e que isto era a prova cabal de que os incêndios estão sendo provocados por ONGs.
“Alguém vai de bicicleta ou moto, jogando combustível e depois incendeia”, explicou Bolsonaro. Questionado se poderia apresentar provas do que dizia, ele disse que não tem provas. “Não tem como ter provas disso. eles não deixam nada escrito”, afirmou. A Polícia Federal também não confirmou que esteja fazendo qualquer investigação sobre esse fatos. O Ministério do meio Ambiente também não confirmou nada neste sentido.
O governador Wilson Lima, do Amazonas também respondeu aos ataques de Bolsonaro. Ele disse que o Governo do Amazonas “priorizou o monitoramento das queimadas e desmatamento ilegais no Estado, e decretou situação de emergência, no início de agosto, em função da tendência de crescimento no número de focos de calor”.
Na direção oposta do que faz Bolsonaro, o governo do Amazonas criou uma força-tarefa para ampliar as ações de controle e implantou um sistema, que cruza dados sobre alertas de desmatamento e empreendimentos cadastrados nos órgãos ambientais estaduais, para tornar a fiscalização mais eficiente.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que Bolsonaro ataca virulentamente, segundo ele, por “mentir sobre a aumento do desmatamento”, apontam que houve um aumento de 82% no número de queimadas no Brasil entre janeiro e agosto de 2019. Cidades da região amazônica como Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e até mesmo cidades do Sudeste como São Paulo estão sendo atingidas pela fumaça dos incêndios.
As ONGs também reagiram aos ataques de Bolsonaro. A coordenação do Observatório do Clima, rede que reúne cerca de 50 organizações não governamentais do País em defesa do meio ambiente, repudiaram as do governo e afirmou que o recorde de focos de incêndio observados neste ano é apenas “o sintoma mais visível da antipolítica ambiental do governo”.
Especialistas afirmam que são três as causas do aumento das queimadas no país. A primeira é a seca deste época do ano, que está intensa, a segunda é o aumento do desmatamento, já revelado pelo Inpe, e a terceira causa da elevação das queimadas é o desmonte dos órgãos de controle ambientais, implementado pelo governo Bolsonaro.
Em nota divulgada à imprensa, a coordenação do Observatório do Clima apontou que as ações do governo federal contribuíram para o aumento do desmatamento na região e que “o fogo reflete a irresponsabilidade do presidente com o bioma que é patrimônio de todos os brasileiros, com a saúde da população amazônida e com o clima do planeta, cujas alterações alimentam a destruição da floresta e são por ela alimentadas, num círculo vicioso”.
Leia mais