Governos de 13 estados e do Distrito Federal (DF) não vão aderir ao decreto editado por Jair Bolsonaro com o objetivo de sabotar a quarentena e que inclui atividades de salões de beleza, barbearias e academias de esportes na lista de “serviços essenciais”.
Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe já estavam com esses serviços fechados e assim permaneceram, conforme estabelecido em seus decretos estaduais sobre a pandemia do novo coronavírus.
IRRESPONSABILIDADE
O governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro “caminha para o precipício e quer levar com ele todos nós”. Segundo Witzel, que se referia ao decreto presidencial que classificou academias e salões de beleza como serviços essenciais, não há nenhum sinal de que as medidas restritivas devem ser flexibilizadas. “Estimular empreendedores a reabrir estabelecimentos é uma irresponsabilidade. Ainda mais se algum cliente contrair o vírus. Bolsonaro caminha para o precipício e quer levar com ele todos nós”, disse o governador.
Paulo Câmara, governador de Pernambuco afirmou em suas redes sociais que o decreto “não é razoável”. “As próximas semanas exigirão restrições ainda mais duras, não é razoável admitir o contrário. Academias, salões, barbearias continuarão fechados, até que superemos esta fase e seja possível iniciar a retomada gradual. O compromisso do nosso governo é proteger vidas”, afirmou.
Flávio Dino, governador do Maranhão, disse que “nada muda até o dia 20”. João Doria, governador de São Paulo, afirmou que vai avaliar e deve anunciar sua decisão nesta terça-feira, 12.
Camilo Santana, governador do Ceará, publicou em suas redes sociais que “apesar do presidente baixar decreto considerando salões de beleza, barbearias e academias de ginástica como serviços essenciais, esse ato em NADA altera o atual decreto em vigor no Ceará, e devem permanecer fechados”.
“Continuaremos com medidas regionais, alinhando medidas locais com os Prefeitos, na proporção da taxa de contaminação”, afirmou Rui Costa, governador da Bahia.
Em entrevista à Rádio CBN, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que o estado voltará a ampliar as restrições de circulação. “Vamos baixar um decreto mais rígido e vamos fazer com que haja um fechamento significativo das atividades econômicas, prevalecendo apenas o que é essencial mesmo, o que significa hospitais, drogarias, supermercados e transformação de alimentos”, disse Caiado.
A decisão de Bolsonaro de incluir salões de beleza, barbearias e academias de esportes na lista de “serviços essenciais”, no mesmo dia em que o país chegou em 11.519 mortes causadas pelo novo coronavírus foi arbitrária.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, ficou sabendo através da imprensa sobre a decisão, durante coletiva realizada no Palácio do Planalto, ontem.
Teich demonstrou estar confuso ao ser questionado por um jornalista sobre a decisão de Bolsonaro. O ministro da Saúde então disse: “Isso aí saiu hoje?” e ao receber a confirmação, se virou para o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, que deixou claro que também não estava ciente.
O ministro então confirmou que a medida não passou pelo Ministério da Saúde, nem na condição de consulta.
A decisão de Bolsonaro – que é declaradamente uma sabotagem contra a quarentena – é na verdade, uma forma de driblar a única medida eficaz no combate ao coronavírus, o isolamento social. Pois ao reabrir academias, salões e barbearias, o presidente incentiva o retorno ao trabalho daqueles que não exercem atividades tradicionalmente essenciais, de forma legal, querendo passar por cima do determinado por prefeitos e governadores.