Declaração foi feita após ameaças de não pagar auxílio emergencial a quem proteger suas populações. Doria disse que o desequilíbrio de Bolsonaro é proporcional à tragédia humana que o “negacionismo provocou no Brasil”. Outros governadores também reagiram
Governadores condenaram neste sábado (27) a ameaça feita por Jair Bolsonaro no Ceará, no dia anterior, de que daqui para frente os que “fecharem seus estados” é que devem bancar o auxílio emergencial.
Bolsonaro fazia referência aos anúncios recentes de medidas mais restritivas diante do agravamento da pandemia da Covid-19.
O país está batendo recordes de casos e de mortes por Covid-19 nas últimas semanas. Na quinta-feira (24) foram 1.580 mortos em 24 horas, a maior taxa desde o início da pandemia. Especialistas já apontam para o risco de colapso também no sistema funerário.
Diversos estados estão alertando para a iminência de superlotação total de seus sistemas de Saúde. Em vários estados já há pacientes esperando em fila de UTI. E, como dizem os médicos desta área, fila de UTI é sinônimo de morte, já que a indicação de leitos de UTI é feita para pacientes com risco iminente de morte.
No Ceará, Bolsonaro causou aglomeração em um dos piores dias da pandemia até agora. “O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do Presidente da República essa responsabilidade”, disse Bolsonaro.
“Se os governadores tiverem que bancar até o auxílio emergencial, aí mesmo que o presidente da República vai provar sua total inutilidade”, disse Flávio Dino (PCdoB-MA), governador do Maranhão. Outro que também reagiu com veemência contra Bolsonaro foi o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “O desequilíbrio de Bolsonaro é proporcional à tragédia humana que o negacionismo provocou no Brasil”, afirmou.
Camilo Santana (PT), governador do Ceará, afirmou que “aqueles que debocham da ciência, ignoram a luta dos profissionais de saúde para salvar vidas, e, principalmente, desrespeitam a dor das milhares de famílias vítimas da Covid, receberão o justo julgamento”. “Continuaremos firmes, combatendo o negacionismo, e lutando sempre pela vida”, acrescentou o governador.
A ameaça é uma afronta criminosa à Constituição que não permite decisões que não sejam impessoais na administração do dinheiro público. Como o HP já demonstrou aqui, o auxílio emergencial é recurso público. Ele não é de Bolsonaro. Não é dinheiro de rachadinha, como já disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). Ele foi criado e aprovado pelo Congresso Nacional.
Para fazê-lo, os parlamentares tiveram que vencer a resistência da equipe econômica do governo, tanto na primeira vez quanto agora, na discussão da continuidade do auxílio emergencial. Guedes queria, e segue querendo, se aproveitar da situação de drama e calamidade para trocar um valor ínfimo de auxilio (R$ 250) pela intensificação ainda maior do arrocho fiscal sobre o país e o povo.
Dois outros governadores do Nordeste também se pronunciaram criticando Bolsonaro pelas declarações e ameaças. “Não é razoável o líder de um país fazer o cidadão ter que escolher entre comida na mesa ou a vida”, disse Wellington Dias (PT), governador do Piaui.
A governadora Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, considerou as ameaças uma afronta. “Que absurdo! Até onde vai essa marcha da insensatez liderada pela maior autoridade do país?”, salientou a governadora.