Deputados da bancada do PT argumentam que a restrição no parcelamento nos cartões poderia “prejudicar os consumidores e beneficiará ainda mais os grandes bancos”
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não está satisfeito em manter o Brasil como campeão mundial dos juros altos. Ele quer afundar ainda mais a economia, insistindo em acabar com a modalidade de crédito parcelado sem juros no cartão, o principal meio de pagamento da população brasileira na atualidade.
O setor varejista está em campanha contra essa medida que, segundo eles, significaria um baque significativo no consumo das famílias. As entidades do comércio denunciam que essa medida agravará a retração da economia.
Deputados da base do governo e das Frentes Parlamentares do Comércio e do Empreendedorismo também estão se insurgindo contra a medida pró-lucro dos bancos. Os parlamentares argumentam que a restrição no parcelamento nos cartões poderia “prejudicar os consumidores e beneficiará ainda mais os grandes bancos”.
A bancada do PT sugeriu, na sexta-feira (10), à Câmara que aprove uma moção de repúdio a Roberto Campos Neto pela intenção de restringir a modalidade de compras pagas com parcelamento sem juros.
“A moção tem o objetivo de repudiar as intenções explicitamente declaradas pelo Presidente do Banco Central do Brasil, Senhor Roberto Campos Neto, de agir de forma contrária ao espírito da Lei do Desenrola, que trata do endividamento das famílias brasileiras”, afirma o texto, divulgado pelo partido.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) defende, tendo Campos Neto como defensor de seus interesses, os juros pornográficos do crédito rotativo, que chegam a ultrapassar 440% por ano. Nenhum país do mundo convive com uma taxa escandalosa como esta. Mas os tubarões das finanças não estão saciados com isso. Eles querem mais, e alegam a existência de um subsídio cruzado entre os financiamentos com e sem juros.
Campos Neto e a Febraban têm a cara de pau de alegar que os bancos têm que cobrar juros no parcelamento do cartão porque os juros já estariam embutidos. Ou seja, se já tem juros, a solução é cobrar mais juros. Fica claro que a única coisa que eles querem mesmo é esfolar ainda mais o consumidor brasileiro. Mesmo que isso signifique mais recessão e mais desemprego.
“Sempre dissemos, sem margem de dúvida, que essa era a principal causa raiz dos altos juros do rotativo do cartão de crédito no Brasil. Nunca nos afastamos dessa posição”, alegou a Febraban. “Temos revelado algo que não se diz abertamente ou não se quer que seja debatido: o parcelado sem juros não é sem juros, pois os juros estão embutidos no preço do produto”, afirmou. Cobram os juros mais altos do mundo – aliás, nunca vistos em nenhum lugar do planeta – e ainda culpam os consumidores, que se viram para comprar parcelado o básico para sua sobrevivência.
A guerra entre o país inteiro de um lado e os banqueiros e seu porta-voz, Campos Neto, de outro, continua. Foi estipulado prazo até 3 de janeiro para o Banco Central apresentar ao Conselho Monetário Nacional (CMN) proposta sobre os juros rotativos do cartão. É nesta ocasião que ele pretende destruir a principal forma de pagamento da população brasileira hoje. Registre-se que o governo tem maioria no Conselho Monetário Nacional.