O governo federal anunciou a criação da Universidade Federal do Esporte (UFEsporte) e da Universidade Federal Indígena (Unind)., em cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília (DF). A cerimônia contou com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado dos ministros da Educação, Camilo Santana; do Esporte, André Fufuca; e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Os representantes assinaram os projetos de lei para a criação das universidades e os enviaram ao Congresso Nacional.
O presidente Lula destacou a criação das universidades como essencial para a dignidade dos povos originários e a valorização do esporte nacional. “Eu não tive oportunidade de fazer um curso superior e, justamente por isso, tenho consciência do que representa um diploma universitário”. Lula ainda completou que “quem tem que fazer o trabalho para ajudar as pessoas é o Estado, é a União, e é isso que estamos fazendo quando criamos novas universidades”.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou o compromisso do presidente Lula com a educação. “Hoje é um dia histórico para os povos indígenas, para o esporte do Brasil, um país apaixonado pelo esporte. Eu queria, mais uma vez, agradecer ao presidente da educação, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo seu compromisso. Nós vamos construir juntos, com todos os ministérios, com a Casa Civil, com os ministérios da Gestão, do Esporte, dos Povos Indígenas, para garantir o sucesso dessas duas novas universidades que o presidente Lula anuncia hoje para o país”.
“Graças a pessoas que ousaram ser diferentes, como o presidente Lula, nós teremos agora uma Universidade do Esporte”, disse o ministro do Esporte, André Fufuca. “Uma universidade para capacitar e preparar os nossos atletas, os nossos gestores públicos, os presidentes de federação, mas, além de preparar para o presente, preparar para o futuro, porque um dos maiores desafios que os atletas brasileiros enfrentam hoje é o dia de amanhã”, relatou.
Em suas redes sociais, Orlando Silva, deputado federal (PCdoB-SP) e ex-ministro do Esporte, afirmou que a nova lei coloca o país em um novo patamar e garante uma política permanente de incentivo ao esporte.
“Houve um período de muito sofrimento do esporte brasileiro em que o financiamento foi reduzido, em que programas foram desestruturados. E a Lei de Incentivo ao Esporte foi fundamental para atravessar esse deserto ao lado do Bolsa Atleta. Duas conquistas que tem a marca do presidente Lula, e como eram leis, não foram esvaziadas nem desmontadas”, disse.
“Com a [nova] Lei de Incentivo ao Esporte, um pouco diferente, agora não ficaremos a cada período buscando renová-la e ficar naquela insegurança jurídica, naquela instabilidade, além de termos ampliado um pouco mais as possibilidades de financiamento”, completou o deputado.
A Universidade Federal do Esporte é resultado da articulação entre o MEC e o Ministério do Esporte (MEsp) e se fundamenta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) e na Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), com o propósito de integrar a formação acadêmica, a qualificação profissional e o desenvolvimento do esporte a nível de excelência no âmbito nacional.
O ministro Camilo Santana observou que a UFEsporte era demanda do presidente Lula há muito tempo, para formar profissionais do esporte e fomentar a atividade no Brasil. “A ideia é dar uma grande contribuição a um país que é apaixonado pelo esporte, que descobre grandes talentos, muitas vezes, por iniciativa individual de cada um. Nós estamos querendo ampliar o acesso e colocar isso dentro da ciência, dos estudos, da orientação. Existem técnicas para isso hoje, seja para formação de técnicos, de gestores, de atletas”, falou.
A UFEsporte busca a democratização do acesso à educação gratuita, pública e de qualidade, formando recursos humanos de excelência, com competências e habilidades para a gestão de políticas públicas de esporte.
A proposta incorpora diretrizes essenciais de inclusão e direitos humanos. Entre elas, o compromisso com a equidade de gênero no esporte, com incentivo às modalidades femininas; o enfrentamento à misoginia, promovendo igualdade de oportunidades e remuneração; a equidade étnico-racial, ampliando o acesso e a permanência de pessoas negras e indígenas; o combate ao racismo no esporte, com formação crítica e atuação profissional qualificada.
A representante dos Atletas Paralímpicos, Verônica Hipólito, contou a sua história de superação, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ter tido mais de 200 tumores no corpo. “Nós somos muito capazes, e quem mostra isso todos os dias para gente é o esporte, porque o esporte é transversal: esporte é educação, é saúde, é mobilidade, é sustentabilidade. E a gente espera muito que essa universidade seja inclusiva, acessível e diversa, para todas as pessoas que todas nós possamos ocupar todos os lugares, porque isso é o nosso direito”, concluiu.
Segundo o Levantamento sobre Diversidade no Futebol Brasileiro de 2023, 41% das pessoas negras e 31% das indígenas relatam ter sido vítimas de racismo no exercício de suas funções. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) mostram que, apesar de 57% dos jogadores da elite do futebol serem pretos ou pardos, a presença de profissionais negros em cargos de liderança continua sub-representada, com apenas 12,5% dos treinadores das Séries A e B em 2024.
Com a criação da UFEsporte e da Unind, o Brasil passará a ter 71 universidades federais, uma das maiores redes de ensino superior público do mundo. A iniciativa também marca um passo histórico na ampliação do acesso à educação superior pública e gratuita, alinhada às prioridades de governo para a promoção da equidade, da inclusão e do desenvolvimento humano em todo o país. Os grupos técnicos interministeriais trabalharão no projeto ao longo de 2026.











