Após a venda do controle da BR Distribuidora, a atual direção da Petrobrás pretende entregar completamente a sua participação na empresa.
Colocando em prática o plano de desmonte do sistema Petrobrás – que passa pela pesquisa, exploração, refino e distribuição – o atual presidente da empresa, Roberto Castelo Branco, afirmou na quinta-feira (1º), enquanto comentava sobre a privatização da BR, que a ideia é “reduzir a zero nossa participação no transporte [de combustíveis]”.
A estatal foi única dona da BR distribuidora até 2017, quando 29% da sua participação foi entregue aos tubarões do mercado. Colocando em prática o plano de desinvestimento da Petrobrás, outra parte de 30% foi vendida ao mercado no final do mês passado – o que usurpou da estatal o controle da distribuidora, sobrando uma fatia menor que a metade das ações. Na prática, a BR Distribuidora foi privatizada.
Com esta decisão, a Petrobrás perde a maioria das ações com direito a voto e o controle da subsidiária mais lucrativa, responsável pela distribuição de combustível para todo o país, que agora passa para as mãos de 160 grupos de investidores de diversos países – mas cujo controle deve ficar com a Raízen, controlada pela Shell, segundo fontes do mercado ouvidas pelo Valor Econômico.
Antes que deliberem sobre a presidência do Conselho, já é sabido que a Petrobrás pretende manter apenas três assentos no colegiado, composto por nove membros. Os seis conselheiros restantes devem ser indicados pelo mercado. Os funcionários, que detinham uma vaga, perdem sua cadeira. O governo, que vinha sendo representado pelo Ministério da Economia, também deixa o conselho.
“A BR distribuidora é a maior empresa de distribuição e comércio de derivados de petróleo do país e, em conjunto com a Transpetro, vem cumprindo o papel de garantir o fornecimento de derivados em todo o território nacional. Desde seu início a BR teve como um dos seus principais objetivos atender a todo o mercado interno, inclusive os municípios mais distantes e com precária infraestrutura logística”, afirma a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), entidade das mais engajadas contra o desmonte da Petrobrás.
“A empresa apresentou um crescimento de 93,1% no seu lucro líquido e uma redução de 30,5 no seu endividamento líquido no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018″.
Estes resultados foram obtidos apesar da crise econômica que assola o país desde 2014. Com esses números positivos, é difícil encontrar justificativa para a privatização da BR”, argumenta a entidade.
Além do fator estratégico, a operação em si foi muito desvantajosa. A Petrobrás arrecadou, considerando esse lote e mais um subsequente, R$ 9,6 bilhões, ou seja em torno US$ 2,5 bilhões de dólares, uma merreca no mundo do petróleo.