O governo brasileiro anunciou a suspensão de novas campanhas de publicidade na rede social X, antigo Twitter, hoje em mãos do bilionário Elon Musk.
Musk fez ameaças, ataques e disparou fake news contra a Justiça brasileira e contra o governo. Em um de seus posts, disse que não iria cumprir as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Além disso, reativou no X contas que estavam desativadas por ordem judicial, como o perfil do bolsonarista Allan dos Santos, golpista e contumaz ofensor do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros.
A informação foi veiculada inicialmente pelo site ICL Notícias.
Como resultado, a Petrobrás apresentou na sexta-feira (12) sua nova campanha publicitária, com o tema “transição energética justa”, que será veiculada em todas as mídias, tevês, rádios, mídias digitais no Brasil e no exterior, menos no X.
Segundo anúncio da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, a partir de agora, não há previsão de novas campanhas na plataforma de Musk.
O governo já investiu R$ 5,4 milhões em publicidades no X, de acordo com dados do Portal da Transparência. Entre 2023 e 2024, foram R$ 654.152,85.
Uma portaria de fevereiro de 2024 prevê que o governo observe publicidade na internet no sentido de mitigar riscos à imagem das instituições do Poder Executivo.
De acordo com a regra, o governo visa “coibir a monetização” em ações publicitárias do Executivo “de sites, aplicativos e produtores de conteúdo na internet que ensejem risco de danos à imagem das instituições do Poder Executivo federal por infração à legislação nacional ou por inadequação a políticas e padrões de segurança e de adequação à marca do governo federal”.
A decisão só vale para novos contratos, porque há impedimento de suspensão com os que já estão em andamento, segundo relatos.
A Secom é dirigida pelo ministro Paulo Pimenta, que criticou os ataques de Musk às instituições brasileiras.
“Não vamos permitir que ninguém, independente do dinheiro e do poder que tenha afronte nossa pátria. Não vamos transigir diante de ameaças e não vamos tolerar impunemente nenhum ato que atente contra nossa democracia”, disse Pimenta.
Segundo ele, o Brasil não será “tutelado” pelas plataformas de redes sociais.
Na quarta-feira (10), sem citar Musk, o presidente Lula declarou que o bilionário “nunca produziu um pé de capim desse país” e disse ainda que o país não permitirá que o dono do X “ouse falar mal da Corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro”.
Em uma das fake news de Musk contra Moraes, o bilionário questiona “por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”.
Após as ameaças e as fake news de Elon Musk, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a conduta do bilionário seja investigada em novo inquérito.
Moraes também incluiu Musk entre os investigados no inquérito já existente das milícias digitais.
Ele determinou ainda que o X não desobedeça a nenhuma ordem da Justiça brasileira e ordenou multa de R$ 100 mil para cada perfil que seja reativado irregularmente.
Para Moraes, Musk fez obstrução de Justiça e incitação ao crime.
NOVA REDE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou, na sexta-feira (12), um perfil no Bluesky, plataforma concorrente do X de Musk.
A nova plataforma foi criada por Jack Dorsey, antigo dono do X, que vendeu o microblog para Musk.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, Jay Graber, CEO do Bluesky, afirmou que discorda de Musk no tratamento ao governo brasileiro.
Ela disse que o governo Lula foi eleito democraticamente e que a plataforma cumprirá as leis e respeitará as autoridades brasileiras.