Problema no pagamento é investigado pela Câmara dos Deputados
Os médicos dos programas de residência médica, multiprofissional e uniprofissional afirmam que, não recebem a bolsa mensal de R$ 2.800. Segundo eles, o atraso do pagamento da remuneração é “um problema recorrente”.
O problema foi relatado em documento enviado à Comissão Externa da Câmara dos Deputados sobre a Covid-19. “O regime de trabalho é de 60 horas semanais, e a remuneração é de aproximadamente R$ 2.800 líquidos. Recentemente o Ministério da Saúde anunciou a bonificação de R$ 667,00 mensais, durante seis meses. Porém, o órgão não pagou sequer a bolsa do mês de março dos residentes no 1º ano de programa (R1).
O pagamento foi iniciado no dia 1º de abril e apenas os R2 e poucos R1 receberam a bolsa. Trata-se de um problema recorrente. Residentes no 2º ano de programa e egressos de programas de residência relatam o mesmo problema: atraso no pagamento das bolsas dos R1”, diz trecho do documento.
Ainda segundo os residentes, no dia 2 de abril, o Ministério da Saúde (MS) entrou em contato com alguns dos profissionais por e-mail, solicitando conta corrente para depósito. Inicialmente, a informação era de que os pagamentos atrasados seriam feitos até o dia 5 de abril, depois teria sido ajustada para 14 de abril.
Porém, até esta quinta-feira (16), de acordo com os residentes, o valor da bolsa ainda não foi depositado.
“O Ministério da Saúde não se posiciona. Até o momento não obtivemos nenhum posicionamento oficial por parte do órgão, todas as informações são obtidas através de contatos individuais entre residentes e coordenadores e servidores do órgão. As informações são desencontradas e poucos residentes conseguem contato direto com o Ministério da Saúde; os poucos que conseguem contato, recebem informações diversas: que a bolsa será paga ainda este mês, que será paga de maneira retroativa em abril deste ano, ou que será paga somente em abril de 2022”, afirmam.
Os profissionais residentes são enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, sanitaristas, entre outros. Todos atuam na linha de frente do SUS (Sistema Único de Saúde), que enfrenta a pandemia da Covid-19 –doença causada pelo novo coronavírus.
“Sem os residentes, o colapso do sistema de saúde será ainda mais precoce”, afirmam, considerando a possibilidade de uma paralisação.
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), integrante do colegiado, enviou um requerimento ao Ministério da Saúde cobrando os pagamentos e criticando a ausência da bolsa em meio a crise do coronavírus.
“Desta forma, indicamos que o Ministério da Saúde adote os procedimentos internos necessários para regularizar o pagamento das bolsas formação dos residentes em saúde de Programas de Residência Médica, Multiprofissional e uniprofissional, que ingressaram no ano de 2020 e não receberam a primeira bolsa, mesmo diante dos serviços já prestados”, diz o deputado no requerimento.