Governo Bolsonaro espionou líder caminhoneiro Litti com programa de empresa israelense

Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer. Foto: Reprodução - Youtube
É um “mecanismo para sufocar manifestação e descontentamento do movimento social”, observou Carlos Alberto Litti ao HP

O governo de Jair Bolsonaro usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar o líder dos caminhoneiros Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).

O sindicalista era contraponto à tentativa bolsonarista de cooptar todo o movimento dos caminhoneiros para desarmar a categoria.

Segundo o jornal O Globo, o nome de Carlos Alberto Litti está na lista daqueles que foram espionados pelo governo através da Abin, junto com jornalistas, advogados e adversários políticos do então presidente.

Agentes da Abin usaram ilegalmente a ferramenta FirstMile, produzida pela empresa israelense Cognyte, para monitorar a movimentação das pessoas que Jair Bolsonaro tinha medo ou não gostava delas. A FirsMile invade o sistema de antenas de telefonia para identificar a última localização de um celular.

Para Litti, que falou com a Hora do Povo, a espionagem é um “mecanismo para sufocar manifestação e descontentamento do movimento social”.

O governo Bolsonaro fazia o monitoramento sobre sua atuação política para “não ter surpresa com movimentos que fossem diferentes da opinião deles”, continuou o líder sindical.

O governo de Jair Bolsonaro tentou cooptar o movimento dos caminhoneiros a fim de tentar transformá-lo em um espaço bolsonarista. Para Litti, o bolsonarismo queria acabar com a “pauta econômica” dos caminhoneiros, que inclui direitos trabalhistas e melhores condições de trabalho.

Carlos Alberto Litti destacou que o antigo governo não dava atenção às pautas da categoria, como a redução do preço do diesel e o estabelecimento de um piso mínimo para o frete.

O sindicalista, que era espionado pelo governo Bolsonaro, denunciava a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que dolariza e encarece o combustível produzido no país.

Depois do segundo turno das eleições, Litti denunciou os bloqueios que estavam sendo realizados por bolsonaristas que não admitiam a derrota do “mito”. “Isso é antidemocrático. Precisamos respeitar o que o povo decidiu nas urnas. E a soberania das urnas determinou a vitória de Luís Inácio Lula da Silva”, declarou.

A espionagem ilegal está sendo investigada pela Polícia Federal. A FirstMile parou de ser utilizada em 2021, por ser considerada ultrapassada.

Ao contrário do que disse o jornal O Globo em sua reportagem, Carlos Alberto Litti Dahmer não é filiado ao PT, pois deixou o partido em 2012.

Ele também salientou que o governo Lula, por enquanto, ainda não fez nenhuma reunião com os caminhoneiros para ouvir as demandas da categoria.

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