
A quatro dias da vigência do sobretarifaço de 50% de Donald Trump nas exportações brasileiras, o governo do presidente Lula voltou a afirmar que está “aberto ao debate das questões comerciais”.
O próprio ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou hoje em Nova York para uma discussão de alto nível na sede da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a “solução pacífica da questão da Palestina e a implementação da solução de dois Estados”, ocasião em que se somará aos esforços de reabertura da agenda comercial.
Ainda na última semana, Vieira enviou um emissário da chancelaria brasileira com a missão de tentar destravar as negociações em torno da questão tarifária, hoje obstruída por conta da decisão intransigente da Casa Branca de persistir na linha da chantagem contra o Brasil e a Suprema Corte do país, com o objetivo de salvar a pele do réu Jair Bolsonaro e, de sobra, abiscoitar terras raras do país para saquear os chamados minerais estratégicos.
Trata-se da mesma estratégia utilizada por Trump contra outros países, em que se notabilizou a Ucrânia, cuja negociação para manter o apoio militar e financeiro dos EUA na guerra com a Rússia implicou na alienação de terras raras, lítio e outros minerais essenciais à tecnologia avançada.
O presidente Lula, no entanto, não é o ditador Zelensky, cujo governo foi dominado por forças neonazistas obcecadas pelo alinhamento com a OTAN para continuar ameaçando e agredindo a soberania russa, e o governo brasileiro já reiterou por inúmeras vezes que, quanto à nossa, “é inegociável”, como também a democracia que tentam violar ao interferir nas decisões soberanas do judiciário brasileiro, baseadas na atual Constituição republicana.
Outra delegação integrada por senadores brasileiros, alinhados ao governo e da oposição não bolsonarista, também se encontra em território norte-americano buscando abrir as portas da negociação, cujo desfecho, a partir de 1º de agosto, caso não haja adiamento da decisão ou uma saída negociada, implicará em sérios prejuízos para empresas exportadoras brasileiras, bem como para o emprego de milhares de trabalhadores. Outra consequência, já anunciada por importadores estadunidenses, será a falta de determinados produtos, inclusive alimentícios, na mesa dos norte-americanos ou a elevação abrupta em seus preços.
O grupo de senadores fez uma reunião de alinhamento na noite do domingo. O encontro teve a presença dos senadores que estão em Washington. As agendas e compromissos oficiais começam nesta segunda-feira.
“A soberania do Brasil e o Estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais”, afirmou em nota o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços comandado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, escalado por Lula para reabrir o diálogo.
O Ministério voltou a insistir na negociação:
“Desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica.”.
E acrescentou:
“Desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro, por orientação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica. Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano. O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços”.
No entanto, até agora, não houve sinal verde à iniciativa. Junto à embaixada do Brasil nos EUA, o emissário de Vieira trabalhou em contatos com interlocutores da Casa Branca, deixando clara a disposição do ministro para negociar com qualquer interlocutor de alto nível determinado pelo governo americano para qualquer tema da agenda comercial.
Trump tem chamado de “caça às bruxas” o julgamento de Bolsonaro, na esteira do que tem pregado o filho 03 do ex-mandatário, o conspirador-mor da República.
Ele e o jornalista Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo, têm repetido a narrativa há meses a congressistas republicanos e a funcionários da gestão Trump na capital americana.