Após a ordem de Bolsonaro para censurar uma propaganda do Banco do Brasil que incentivava jovens de diferentes etnias a serem clientes do banco, o diretor de Marketing e Comunicação, Delano Valentim, foi afastado do cargo.
Na quinta-feira, o Banco do Brasil informou ter retirado do ar uma peça de propaganda que incentivava jovens a abrir conta no banco. O motivo do cancelamento da peça foi confirmado presidente da instituição, Rubem Novaes.
Ele afirmou que a peça foi retirada após uma conversa com Bolsonaro. “O presidente Bolsonaro e eu concordamos que o filme deveria ser recolhido”, disse.
Veja a peça:
No vídeo, de 30 segundos, são exibidas imagens de pessoas que, segundo a locutora, “fazem carão”, “biquinho de ‘vem cá me beijar'”, “quebrada de pescoço para o lado”, “papada negativa”, “cara de rica irritada” e “movimento natural esquisito”.
Enquanto a narradora fala, são exibidas imagens de pessoas agindo conforme a narração.
Aparecem no vídeo uma mulher careca negra, um homem em um salão de beleza, uma mulher negra com cabelo loiro, outra mulher com cabelo rastafari, um homem com cabelo rosa, uma mulher com cabelo curto e um homem em ambiente de festa.
Segundo a assessoria do banco, Rubem Novaes considerou que faltaram “outros perfis de jovens brasileiros que o Banco busca alcançar com suas campanhas de publicidade”.
Para o professor de Criação, Direção de Arte e Planejamento Criativo da ESPM-Rio Luiz Cavalheiros, a peça que foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro, era uma clara tentativa de conquistar um público jovem que permitisse à instituição estatal competir com os bancos digitais, que cada vez mais conquistam os mais novos.
SAÍDA
De acordo com o Banco do Brasil, “a saída do atual diretor ocorreu em decisão consensual com participação do próprio”. Conforme a assessoria, o diretor não foi demitido, no entanto, já está decidido que o diretor não retornará para o cargo de comando na área de Marketing e Comunicação.
“O BB seguirá buscando adequar suas campanhas publicitárias aos segmentos de público que deseja alcançar”, informou a assessoria.
Nesta sexta-feira, o governo Bolsonaro informou que todas as peças de propaganda deverão ser submetidas ao escrutínio da Secretaria de Comunicação Social (Secom), comandada pelo ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz.
A ordem foi enviada na quarta-feira (24) por e-mail para as empresas estatais, entre as quais Correios e Petrobras.
“Em atendimento à decisão estratégica de maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade do Poder Executivo federal, comunicamos que a partir desta data o conteúdo de todas as ações publicitárias, inclusive de natureza mercadológica (…) deverá ser submetido para conformidade prévia da Secom [Secretaria de Comunicação da Presidência]”, diz o texto do e-mail, assinado por Glen Lopes Valente, secretário de Publicidade e Promoção da Secom.
O líder do Cidadania (antigo PPS) na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE), criticou a centralização. Em nota, o deputado classificou a medida como “uma obsessão por aquilo que é lateral e esquecimento do que é essencial”.
A questão do Banco do Brasil, Bolsonaro falou que recursos públicos não deveriam ter a destinação para comerciais do tipo que foram vetados. Ora, os recursos do BB são oriundos do mercado. Seu presidente também veio do mercado. O que se tentou fazer foi atingir um segmento de mercado bastante disputado pelos bancos. E dinheiro público, venhamos e convenhamos, desde 1986 com o encerramento da conta Movimento, NY é um argumento válido. Então a questão pode ser enxergada sob qual ótica? Desprezo ao público-alvo ou pura sabotar par enfraqi tal instituição?