A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), avaliou negativamente a participação do governo Bolsonaro na conferência do clima (COP-25) em Madri, Espanha, encerrada na semana passada.
“O governo brasileiro chegou e saiu da COP-25 de maneira vergonhosa. Decidiu se juntar aos países vilões da conferência. Agiu para impedir o avanço das negociações, negociou na base da chantagem, e saiu de mãos vazias sem obter novos recursos. Perdeu protagonismo e ficou isolado”, expôs a ex-ministra.
Para Marina, Bolsonaro passou “vexame internacional” na COP25. “Mostra a completa alienação do governo sobre a emergência climática apontada pelos cientistas e uma profunda desconexão do compromisso exigido pela sociedade civil, sobretudo pelos mais jovens”.
Ela criticou especialmente a postura do ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, que ela chama de “ministro antiambientalista”.
Na conferência, Salles ficou pedindo dinheiro dos países ricos sem se comprometer com a proteção ao meio ambiente.
Segundo ele, “a COP-25 não deu em nada” porque não cedeu dinheiro.
“Países ricos não querem abrir seus mercados de créditos de carbono. Exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem”, afirmou Salles.
O governo Bolsonaro também tentou sabotar as conclusões científicas no texto final da conferência, mas acabou cedendo depois. Os negociadores de vários países, em mensagens trocadas, classificaram a atuação brasileira como “chantagem imatura”.
“A atitude de deboche do ministro antiambientalista sobre o fracasso da COP-25 atesta sua incompetência e completa inaptidão para a função”, salientou Marina.
No Twitter, a ex-ministra já havia criticado Bolsonaro e seus ataques aos ambientalistas.
“O presidente chama a jovem ativista Greta Thunberg de pirralha. Ela é eleita a personalidade do ano pela revista TIME. Pede o afastamento de Ricardo Galvão do INPE. Ele entra na lista dos 10 cientistas do ano pela NATURE. Isso deveria ensinar alguma coisa ao presidente”, comentou.
“O Brasil que conseguiu resultados significativos, como reduzir o desmatamento em 83% e evitou lançar na atmosfera 4 bilhões de toneladas de CO2, agora apresenta muitos retrocessos na agenda do clima. A comunidade internacional não entende e está perplexa”, avaliou.