Venda de ações da lucrativa Caixa Seguridade é o primeiro passo para a entrega ao capital estrangeiro
O governo Bolsonaro deu início o esquartejamento da Caixa Econômica Federal, através da venda de ações da Caixa Seguridade, o braço de seguros do banco 100% público, que desde sua fundação, em 1861, esteve presente na vida dos brasileiros. Para enfrentar a forte resistência que a sociedade brasileira opõe a essa ação deletéria contra o país, Jair Bolsonaro procede de maneira sub-reptícia, vendendo partes da empesa, num processo de desmonte das grandes estatais.
Exemplo disso é a Petrobrás: privatiza Gaspetro, BR, Liquigás, gasodutos, refinarias, pré-sal. Só querem deixar o CNPJ, denuncia um especialista.
Com um lucro líquido de R$ 1,76 bilhão em 2020 e uma receita no período de R$ 39,1 bilhões, a Caixa Seguradora tem direito exclusivo, até 2050, renovável por períodos sucessivos de 35 anos, de acessar a base de clientes da Caixa e de explorar economicamente a marca, além da rede de agências próprias, de revendedores lotéricos, de correspondentes bancários, do internet banking, de caixas eletrônicos e de outros canais de distribuição. Com a solidez dos resultados e a garantia de mercado, não se justifica a abertura do capital da empresa na Bolsa de Valores pela captação de recursos. Na verdade, só faz sentido para o projeto de privatização, no primeiro lance da Seguradora e mais adiante, da própria Caixa.
Na quinta-feira (29), com a oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês) na Bolsa de Valores, a direção da CEF ofertou 450 milhões de ações e mais um lote suplementar de 67,5 milhões de ações, com isso captou R$ 5 bilhões.
A oferta da Caixa Seguradora, considerada uma das principais empresas de seguro do Brasil com serviços nos ramos, Habitacional, Prestamista, Vida e Residência, estava programada para o ano passado e faz parte do plano de Paulo Guedes, ministro da Economia, de privatizar “todas as estatais” e entregar o dinheiro para os bancos, através do pagamento de juros da dívida pública. A arrecadação com a venda não será reinvestida na empresa, boa parte será repassada ao Tesouro Nacional na forma de pagamento do IHCD (Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida).
O banco público teve um papel fundamental em garantir que o Auxílio Emergencial chegasse às mãos dos cerca de 70 milhões de brasileiros durante a pandemia no ano passado, em que pese as trapalhadas e sabotagem do governo federal. Além disso, garantiu que empréstimos chegassem a micro e pequenas empresas, ainda que pouco e insuficente, quando os bancos privados estavam empoçando o dinheiro.
A Caixa Econômica Federal é responsável pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego, além de operar recursos de diversos programas sociais. No ano passado tinha cerca de 55 mil pontos de atendimento, incluindo agências-barco e unidades-caminhão.
Pedro Guimarães, atual presidente da Caixa, é conhecido privatista de carteirinha. Foi colega de Guedes no banco BTG. Assessorou, por exemplo, a privatização do Banespa, antigo banco estadual do estado de São Paulo. Nos Estados Unidos, defendeu tese sobre o processo de privatização no Brasil.
Além de privatizar a Caixa Seguridade, Guimarães anunciou que pretende abrir o capital da operação de cartões, das Lotéricas e do setor de gestão de recursos (Caixa Asset Management).