Jair Bolsonaro programou um corte de até 97% em programas para produção e distribuição de alimentos no Orçamento de 2023 para garantir os R$ 19,4 bilhões do orçamento secreto.
Bolsonaro diz na campanha eleitoral que vai manter os R$ 600 do Auxílio Brasil, mas no Orçamento que enviou ao Congresso Nacional só consta o pagamento, em média, de R$ 405.
Ele também diz que seu governo tem um olhar especial para a população mais pobre, mas praticamente zerou os programas de produção de alimentos e cortou 59% da verba da Farmácia Popular.
O Alimenta Brasil, que substituiu o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), terá apenas R$ 2,6 milhões durante todo o ano de 2023, de acordo com o planejamento produzido por Bolsonaro. Isso significa um corte de 97%.
O programa funciona através da compra de alimentos de pequenos produtores e distribuição entre as famílias com insegurança alimentar. Com Bolsonaro, o Alimenta Brasil parou de priorizar regiões mais pobres, favorecendo, através do orçamento secreto, as regiões que interessam os parlamentares da base do governo.
Com Lula, em 2010, o PAA teve um orçamento de R$ 622 milhões.
Já outro programa, que visa o incentivo à agricultura urbana e o combate à fome, terá apenas R$ 25 mil para funcionar durante todo o ano de 2023. Isso representa pouco mais de R$ 2 mil por mês. O corte foi de 95%.
Jair Bolsonaro também cortou 96% da verba para a construção de cisternas, que garantem o consumo de água para as pessoas e para a produção de alimentos.
O governo quer destinar apenas R$ 2,3 milhões para o programa.
O ex-diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Silvio Isoppo Porto, afirmou que esse dinheiro não é suficiente para a construção nem de 140 cisternas.
Para que o acesso à água seja universalizado, calcula-se que são necessárias 350 mil cisternas para consumo humano e um milhão para produção agrícola.
“Essa é a magnitude do impacto quando o governo praticamente zera os recursos para cisternas o próximo ano”, disse o especialista ao site UOL.
Uma pesquisa da rede Penssan mostrou que 33 milhões de pessoas estão passando fome em 2022. Em 2020, eram 19 milhões.
Mesmo assim, Bolsonaro falou, em agosto, que não tem brasileiros passando fome. “Alguém já viu alguém pedindo um pão no caixa da padaria? Você não vê, pô”, disse.