O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, manifestou seu rechaço enérgico às novas sanções impostas pelos Estados Unidos para recrudescer o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra a Ilha caribenha. Afirmou que serão um fracasso as medidas anunciadas para restringir ainda mais as viagens dos cidadãos americanos a Cuba, aonde não poderão mais chegar de navio nem sob a categoria de visita cultural e educativa conhecida como “peopletopeople”.
“As medidas anunciadas pelo governo dos EUA contra Cuba não intimidarão o povo e governo cubanos. As cubanas e cubanos sempre defenderemos nossa soberania e independência frente ao império, é um legado de nossa história que assumimos”, ressaltou.
Já o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, assinalou que “rejeitamos energicamente o anúncio dos EUA de novas sanções contra Cuba que restringem as viagens de americanos e endurecem o bloqueio. Pretendem asfixiar a economia e danificar o nível de vida dos cubanos para conseguirem concessões políticas. Fracassarão outra vez”. “Essa política só mostra que de democracia Trump não entende nada”, concluiu.
Antes disso, Trump já havia proibido as visitas individuais.
Mesmo com restrições, mais de 250 mil norte-americanos visitaram Cuba de janeiro a abril, um aumento de 93,5% em relação ao mesmo período de 2018, segundo o Ministério de Turismo de Cuba.
O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse em sua justificativa para as novas sanções, que Cuba é uma força “desestabilizadora” na região. “Cuba continua a desempenhar um papel desestabilizador no Hemisfério Ocidental, proporcionando uma plataforma comunista na região e apoiando adversários americanos de modo a fomentar a instabilidade, soterrar o Estado de direito e suprimir os processos democráticos”, afirmou Mnuchin.
A modificação feita por Trump das políticas de abertura das relações com Cuba introduzidas pelo governo de Obama começou em junho de 2017, poucos meses após ele assumir a Presidência. Começou proibindo transações financeiras, negando licenças de exportação para entidades cubanas e barrando viagens individuais.
Porém, as piores medidas foram tomadas em março, quando foi ativada a Lei Helms-Burton, que foi aprovada pelo Congresso americano em 1996, na Presidência de Bill Clinton, mas, por decisão de todos os governos desde então, nunca chegou a ser implementada. Essa lei permite ações na Justiça americana contra empresas estrangeiras que usam propriedades confiscadas pelo governo de Cuba no período inicial da Revolução Cubana, nos anos 1960. A medida tem potencial para afetar investimentos canadenses e europeus na ilha.
Em resposta a nova sanção, anunciada na terça-feira, 4, o Grupo de Trabalho sobre Cuba no Congresso estadunidense criticou as restrições impostas às viagens e defendeu a importância de melhorar as relações entre os dois países. Em documento emitido pelas representantes democratas Kathy Castor e Barbara Lee, e pelos republicanos Tom Emmer e Rick Crawford, os parlamentares apontaram que o compromisso econômico com Cuba apoia uma gama de interesses econômicos e de segurança dos Estados Unidos.
Os legisladores qualificaram de falido o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto por Washington contra o território vizinho há quase 60 anos. “Agora, os membros do Congresso devem preguntar-se se desejam continuar pelo mesmo caminho em relação a Cuba ou traçar um novo rumo através do compromisso”, manifestaram.