As infecções e mortes causadas pela Covid-19 na Rússia continuam aumentando há mais de duas semanas, o que levou o governo nacional a tomar medidas para combater a disseminação do vírus.
Conforme o Ministério da Saúde, a última quinta-feira (21) registrou 1.028 mortes, o maior número desde o início da pandemia, que já chega a 226.353, o mais alto da Europa.
Para tratar de conter a nova escalada, o governo Putin propôs uma semana de recesso de 30 de outubro até 7 de novembro, mas sem deixar claro se as empresas privadas ou os servidores deixarão de trabalhar. A iniciativa gerou muitas dúvidas, uma vez que no começo da pandemia, com uma medida similar, foi permitido que as empresas de setores econômicos “vitais” continuassem na ativa.
Diante da gravidade dos números, a Prefeitura de Moscou impôs uma quarentena de quatro meses para os maiores de 60 anos não vacinados. As medidas foram comunicadas esta semana para entrar em vigor a partir da próxima segunda-feira (25) e continuarão até 25 de fevereiro de 2022.
“O mais alarmante é a situação dos infectados pelo coronavírus entre a geração mais velha”, disse o prefeito de Moscou, Serguéi Sobianin, acrescentando que os idosos representam 60% dos pacientes com o vírus, cerca de 80% dos que requerem respiradores artificiais e 86% das mortes.
Para a especialista sanitária Anna Popova, as medidas adotadas atualmente “são insuficientes”, devido ao aumento considerável de contágios. “O desenvolvimento da situação epidêmica exige um maior número de medidas e uma reação muito mais rápida”, enfatizou.
Criadora da vacina Sputnik, exportada para vários países da América Latina, a Rússia registra uma baixíssima taxa de imunização, que agora mostra as suas consequências.
Para tentar mobilizar a população, as autoridades têm buscado acelerar o ritmo da vacinação com loterias, bonificações e todo tipo de incentivos, mas ainda sem o resultado esperado.
Fontes oficiais apontam que ao redor de 45 milhões de russos, ou somente 32% dos 146 milhões de habitantes do país estão completamente vacinados.
“Existe uma tradição de culpar o Estado por tudo. Obviamente, o Estado sente e reconhece sua parte de responsabilidade, porém se necessita uma posição mais responsável de todos os cidadãos do nosso país. Agora cada um de nós deve mostrar responsabilidade e se vacinar”, alertou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Entre as medidas para enfrentar o problema, autoridades de diversas regiões anunciaram que vão manter abertos cafés, museus e outros lugares públicos somente para vacinados, aqueles que apresentem resultados negativos de uma prova de imunidade ou que tenham superado a enfermidade recentemente.
O avanço da pandemia é de tal proporção que na região de Oryol, a apenas 325 km de Moscou, os hospitais já estão sem camas disponíveis.