O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), assinou, na sexta-feira (22), a entrega da exploração de lítio, mineral fundamental para equipamentos de informática, no Vale do Jequitinhonha para a Atlas Lithium, mais uma empresa estrangeira, dos Estados Unidos.
O “protocolo de intenções” assinado por Zema e pela Atlas cita um suposto investimento de R$ 750 mil para a exploração de lítio, que resultará na extração de 300 mil toneladas do mineral por ano.
O lítio extraído no Brasil pelas empresas estrangeiras tem como destino principal a exportação, visando seu uso na produção de baterias recarregáveis de longa duração.
O mineral é considerado estratégico exatamente por seu uso nas baterias, cuja importância cresce durante o esforço pela transição energética que ocorre no mundo.
As baterias de lítio são usadas em carros e ônibus elétricos, mas também em notebooks, celulares e outros equipamentos eletrônicos.
Como a própria Atlas Lithium cita em seu site, o governo dos Estados Unidos entende que o controle sobre o lítio tem relação com a soberania e a defesa nacional, uma vez que é pressuposto para o desenvolvimento da indústria de baterias de lítio.
O Brasil conta com 8% das reservas de lítio do mundo, sendo que 85% dessa fatia fica no Vale do Jequitinhonha.
A exploração do lítio, porém, está sendo entregue para empresas estrangeiras.
Além disso, não existe um esforço para que o Brasil se industrialize no sentido de se tornar um produtor de baterias de lítio.
Em maio, Romeu Zema foi até Nova York, nos Estados Unidos, lançar um plano chamado “Vale do Lítio”, buscando atrair empresas estrangeiras para explorar o mineral em Minas Gerais. Jair Bolsonaro, em seu último ano na Presidência, assinou um decreto que exclui qualquer limitação para a exportação do lítio.
O papel do Brasil na importante cadeia de produção de baterias de lítio, que, como dissemos, ganha mais relevância a cada dia, é de mero explorador e exportador do mineral.
O que é criticado por especialistas e empresas nacionais do setor.
Elaine Santos, pós-doutoranda do Programa Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, critica que o lítio extraído no Brasil seja destinado quase exclusivamente à exportação.
“A política brasileira ainda está bastante limitada. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa têm se estruturado com uma estratégia da mina até a produção do veículo” elétrico, afirma para o site Correio do Povo.
“O Brasil pode acabar aprofundando sua dependência, de ser um país que só exporta matéria-prima, com baixo valor agregado”, alerta.
Outras empresas estrangeiras já estão participando da partilha do lítio brasileiro. É o caso das canadenses Sigma Lithium e MG LIT (Lithium Ionic) e da australiana Latin Resources.