O governo Bolsonaro está aproveitando o cenário de desvalorização das ações de empresas públicas, por conta da pandemia, para concluir a privatização da distribuição e comércio de derivados de petróleo do País. Nesta semana (26), o conselho de administração da Petrobrás anunciou que aprovou a proposta de venda da sua participação na BR Distribuidora. O governo detém hoje 37,5% das ações da empresa.
Em um comunicado ao mercado, a direção da Petrobrás informou que a venda da integralidade de sua participação remanescente no capital social da Petrobras Distribuidora (BR) será realizada novamente “por meio de uma oferta pública secundária de ações (follow-on)”.
A BR Distribuidora foi efetivamente privatizada em julho do ano passado, após o governo vender 30% das ações da principal subsidiária da Petrobrás por cerca de R$ 9,6 bilhões – reduzindo, assim, sua participação na companhia de 71,25% para os atuais 37,5%. Antes disto, em 2017, o governo de Michel Temer havia privatizado 29% das ações da distribuidora de combustíveis.
A privatização da BR Distribuidora, que foi conduzida na época pelos bancos JP Morgan, Bofa (Bank of America Merril Lynch), Credit Suisse, Citi, Itaú BBA e Santander, foi considerado “um sucesso” pelos tubarões do mercado petrolífero internacional, pois não é todo o dia que eles ganham de bandeja 7.703 mil postos de gasolina, 95 unidades operacionais e atuação em 99 aeroportos. Além disso, a subsidiária era a distribuidora líder nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
No primeiro trimestre daquele ano, isto é, antes da privatização, a companhia obteve um crescimento de 93,1% no seu lucro líquido (na comparação com o ano anterior), apesar da política do governo de desmontar a Petrobrás . A BR Distribuidora fechou o quarto trimestre do ano passado com um lucro líquido de R$ 96 milhões, queda de 94% ante igual período de 2018.
O governo, que já havia cometido um crime contra a Petrobrás e a população brasileira, comete outro crime contra à soberania nacional, ao tentar repassar o controle total da distribuição e comércio de derivados de petróleo do País ao capital estrangeiro, provavelmente a Raízen, controlada pela Shell.
Em meio à crise sanitária mundial da Covid-19, os grupos privados estrangeiros estão buscando compensar suas perdas nos países dependentes, como o Brasil. Um bom exemplo disto, é a decisão do conselho da BR Distribuidora, hoje totalmente à mercê do cartel internacional do petróleo, de pagar aos acionistas, de maneira adiantada, cerca de R$ 601,6 milhões. A soma corresponde a juros sobre capital próprio e uma parcela dos dividendos – que compõem o dividendo mínimo obrigatório referente ao exercício de 2019. O pagamento será realizado no próximo dia 1º de setembro.