Famílias Inscritas no Cadastro Único aguardam na fila que Bolsonaro prometeu “zerar”
Hoje há, aproximadamente, 526 mil famílias brasileiras em extrema pobreza que se inscreveram no Cadastro Único em busca do Auxílio Brasil, o substituto do extinto Bolsa Família, mas não sabem se e quando vão receber o benefício, pois Bolsonaro vetou a inclusão automática dos cadastrados no programa.
Essas famílias que têm renda abaixo de R$ 105 por mês por pessoa começaram a ser recebidas no cadastro do governo federal em novembro de 2021, quando o Auxilio Brasil entrou em prática.
No final do ano passado, o governo federal havia anunciado que “zerou” a fila de espera para o programa, com base em dados anteriores a novembro. No mesmo período, o governo acabou como auxílio emergencial deixando mais de 20 milhões de brasileiros sem auxílio emergencial e sem Bolsa Família. Entre novembro e dezembro, cerca de 1.104.069 milhão de famílias se inscreveram no Cadastro Único. Além de mais de meio milhão em situação de extrema pobreza, há outras 165.199 em situação de pobreza, ambas elegíveis para o Auxílio Brasil, segundo reportagem da UOL.
Com o governo Bolsonaro o número de famílias em extrema pobreza cresceu no país. O país voltou ao Mapa da Fome e registrou 55,2% da população vivendo em insegurança alimentar e 19 milhões na extrema pobreza, segundo pesquisa da Rede Penssan. No ano passado, foram inúmeras as dramáticas cenas de brasileiros, muitas mulheres e idosos, buscando ossos e carcaças em caçambas de supermercados para se alimentarem e a seus filhos. Com o desemprego elevado e a renda desabando, os preços dispararam – dos alimentos, da energia elétrica e do gás de cozinha, atingindo violentamente as famílias mais pobres.
Em dezembro, o número de inscritos no Cadastro Único chegou a 15,6 milhões – o maior número da série histórica. No mês de novembro, o Cadastro Único atingiu um recorde no saldo de novas inscrições, somando mais de 716.580 famílias.
O governo ainda não divulgou um balanço mensal de quantas famílias saíram do programa e quantas entraram. Segundo o Ministério da Cidadania, em janeiro, o Auxílio Brasil – previsto para durar só durante o ano eleitoral, no lugar do programa permanente Bolsa Família – alcançou 17,5 milhões de famílias. A pasta diz. ainda. que a inclusão no programa depende de algumas condições e não ocorrerá de forma automática e depende de disponibilidade orçamentária.
Na teoria, as famílias em extrema pobreza teriam prioridade para inclusão no programa e deveriam ser incluídas imediatamente. Já as famílias pobres teriam direito se tiverem gestantes, nutrizes ou pessoas com até 21 anos que concluíram a educação básica ou que estejam matriculadas.
Porém, na época em que Bolsonaro sancionou a lei do Auxílio Brasil, ele vetou o trecho que previa a entrada automática de famílias que preenchessem os critérios de inclusão, justificando que o atendimento de todos os elegíveis, de forma automática, acarretaria na “ampliação das despesas sem a devida previsão orçamentária”, afirmou o governo ao justificar o veto.