O ex-chefe de Inteligência da Receita Federal, Ricardo Pereira Feitosa, que acessou e copiou dados fiscais sigilosos de opositores do ex-presidente Bolsonaro, foi demitido do cargo de auditor fiscal na quinta-feira (5).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou, na portaria que concretizou a demissão, que Ricardo Pereira Feitosa valeu-se “do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”. Ele não poderá trabalhar em cargos públicos federais pelos próximos cinco anos.
Feitosa acessou, em 2019, os dados do empresário Paulo Marinho, do ex-ministro falecido Gustavo Bebianno, sua esposa Adriana e do ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, sem que nenhum deles estivesse sob investigação.
Ele acessou e extraiu cópias das declarações, completas ou de alguns anos, de Imposto de Renda dos três.
Além disso, buscou informações sobre Marinho, Bebianno e Gussem em três sistemas sigilosos da Receita.
Gussen era o coordenador da investigação sobre as “rachadinhas” organizadas pela família Bolsonaro. Paulo Marinho e Gustavo Bebianno eram próximos de Jair e o apoiaram em 2018, mas no primeiro ano de mandato romperam com seu governo.
Os acessos ilegais aos dados aconteceram nos dias 10, 16 e 18 de julho de 2019. Na época, Feitosa era chefe da área de Inteligência da Receita.
O ex-auditor Ricardo Feitosa esteve, segundo o jornal Folha de S.Paulo, no Palácio do Planalto um dia antes de acessar e copiar ilegalmente os dados dos desafetos de Bolsonaro.
Um dia depois de concluir seu crime foi ao gabinete do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).