Governo denuncia decisão do CFM que dificulta acesso de pobres a direitos sociais

Fila nem agência da Previdência Social (reprodução)

Ministério da Previdência quer derrubar norma do Conselho Federal de Medicina que impede médicos “não peritos” de atestarem as condições dos segurados da Previdência. Para o órgão, todos os médicos estão aptos para atestarem as condições de seus pacientes

O Ministério da Previdência Social protocolou, nesta quinta-feira (25), uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra decisões do Conselho Federal de Medicina (CFM) que dificultam a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a pessoas com deficiência no âmbito do programa ATESTMED, medida que amplia para todos ao médicos o direito de atestar a condição de seus pacientes para efeito de obtenção de direitos previdenciários.

A pasta baixou uma portaria agilizando a liberação dos benefícios ao autorizar o acesso das pessoas ao programa através de um atestado médico, sem a necessidade de perícia, desde que atendidos requisitos técnicos.

O argumento do órgão do governo é de que todo o médico pode atestar a condição de saúde de seus pacientes e tem formação para isso. Ao defender interesses corporativos de peritos, o CFM, na opinião do Ministério da Previdência, está dificultando o acesso de pessoas vulneráveis e idosos sem condições de trabalhar aos benefícios sociais que têm direito.

A medida foi desautorizada pelo CFM em parecer emitido em abril deste ano. O documento diz que a medida é ilegal, compromete a “integridade profissional dos peritos médicos federais” e causa “prejuízo ao erário”.

O Ministério da Previdência contesta a afirmação do Conselho Federal de Medicina e diz que houve redução das filas de requerentes, o aumento da celeridade na concessão do benefício e economia de mais de R$ 1 bilhão ao evitar o pagamento retroativo do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O Tribunal de Contas da União (TCU) analisou a política do Ministério da Previdência Social e o contencioso e concluiu que “não há evidências de que, até o momento, a ampliação das possibilidades de requerimento no âmbito do ATESTMED tenha implicado aumento de irregularidades na concessão dos benefícios”.

Para o Ministério, o CFM tomou a decisão por razões políticas, com o objetivo de atender aos interesses da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), que tentou, sem sucesso, embargar a dispensa de perícia na Justiça.

“De maneira indevida, o CFM está praticando atos que protegem interesses corporativos da ANMP, às custas da população que enfrenta maior dificuldade para acessar benefícios previdenciários e assistenciais regularmente instituídos”, diz o órgão.

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