“Na medida em que a carreira acadêmica não é valorizada devidamente, e quando não há condições de infraestrutura”, os cientistas brasileiros buscam sair do país para continuar suas pesquisas, denuncia a socióloga Fernanda Sobral, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Fernanda Sobral afirmou que não está havendo investimento à altura da necessidade no Brasil. “Corte de recursos, tanto para a Educação quanto para a Ciência e Tecnologia. Quando não é corte é bloqueio, mas que aí também não se pode utilizar os recursos”, observou.
“Quando não há condições de infraestrutura, de laboratórios e etc., as pessoas passam a procurar outros locais e universidades que dêem as condições infraestruturais para a pesquisa”, disse.
No ranking de competitividade global da escola de administração Insead, o Brasil caiu para 80º lugar, dos 132 países listados. O Brasil está perdendo seus melhores profissionais para outros países.
“Eu acho que [o resultado no ranking] tem a ver com falta de investimentos em Ciência e Tecnologia e nas próprias universidades”, declarou Sobral.
Também tem “o desemprego, que faz com que as pessoas busquem empregos lá fora, e a violência que se configura no Brasil e está cada vez mais forte”.
“Alunos que vão pro exterior, trabalham nos laboratórios e são convidados a ficar por lá. Quando eles vêm que as condições são melhores lá, eles ficam”, lamentou.
Para ela, a situação no Brasil é de “desvalorização da universidade”. “O governo tem feito corte de recursos em todo lado, sobretudo Ciência e Tecnologia e Educação. Tivemos a EC 95 [Emenda Constitucional 95], que colocou um teto de gastos para Educação e Saúde. Isso é péssimo, porque aí você fica contingenciado”.
Isso não só causa um problema no ensino público como também interrompe os investimentos privados. “Para que os empresários possam inovar, em associação com a universidade, é preciso que haja também uma política industrial de fortalecimento da indústria nacional e isso não está ocorrendo”.
“Está acontecendo uma desindustrialização do país, então a inovação não se torna tão atraente para o empresário”, concluiu a socióloga.
Com informações do Jornal da Ciência e do site Sputnik
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