O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou nesta quarta-feira (6), estado de calamidade pública após o ciclone que deixou pelo menos 31 mortos no estado. Ele disse que encontrou um cenário “desolador” em sobrevoos e visitas a áreas afetadas:
“Vou decretar estado de calamidade pública no Estado. Estamos trabalhando a favor dessa população que está sofrendo muito nesse momento”, disse, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (6).
O número total de fatalidades causadas pelo ciclone extratropical que assolou o estado atingiu 31, desde o início dos eventos na segunda-feira (4). A Defesa Civil do RS lamenta mais dez óbitos, sendo oito em Roca Sales, um em Lajeado e outro em Estrela, todos localizados na Região dos Vales.
Eduardo Leite afirmou que conversou com o presidente Lula por telefone; “Ele informou que em função de viagem para a Índia, e o vice-presidente também tem compromissos, não poderia comparecer. Mas estamos em perfeita sintonia para todos os esforços”, garantiu.
O governador do RS também disse que agora que é possível acessar as áreas mais afetadas, serão levados mantimentos e água para as vítimas.
Conforme informações fornecidas pela Defesa Civil estadual, as equipes do Corpo de Bombeiros recuperaram 15 corpos em residências de moradores durante a terça-feira (5). Além disso, outras seis perdas de vidas foram confirmadas entre segunda (4) e terça-feira, em municípios do Norte do RS.
As autoridades estaduais anunciaram que duas viaturas do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Caxias do Sul estão em deslocamento para Muçum, com o objetivo de prestar auxílio na remoção dos corpos, que posteriormente serão transportados para Porto Alegre. Entretanto, ainda não há previsão para a chegada dos corpos à capital.
Além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina também foi alvo de tempestades e rajadas de vento, resultando em uma vítima fatal.
A cidade de Muçum, com mais de 85% de sua área atingida pelas águas, enfrenta uma situação devastadora. Devido ao nível elevado do rio que abrange a região, os habitantes tiveram que ser resgatados de suas casas, muitos deles encontrados nos telhados e sótãos das residências. O centro da cidade foi submerso, causando alagamentos em casas, escolas, estabelecimentos comerciais e hospitais.
Por motivos de segurança, a energia elétrica na localidade foi cortada e, de acordo com a prefeitura, o serviço de telefonia também está inoperante. Todos os quatro acessos por estradas que levam ao município estão interditados.
“Uma pergunta que já recebi é quanto terá à disposição para os municípios que foram atingidos. Não existe um limite. Vamos disponibilizar o que for preciso para atendimento humanitário, restabelecimentos dos serviços essenciais e, mais para frente, para reconstrução de infraestrutura destruída pelo desastre, o que também pode incluir moradias”, afirmou Waldez Góes. “No momento, nossa preocupação principal é garantir segurança, abrigo, água potável e alimentação para a população afetada”, observou.
Nesta quarta-feira (6), Waldez Góes e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, estarão no Rio Grande do Sul, onde visitarão as áreas mais afetadas pelo desastre. A primeira cidade será Muçum, que está com cerca de 80% das estruturas embaixo d´água. A comitiva também passará por Encantado e por Caxias do Sul, onde haverá reunião com o governador Eduardo Leite. Uma equipe da Defesa Civil Nacional já está no estado, dando apoio às prefeituras nos pedidos de solicitação de situação de emergência e de repasse de recursos.
“Esta visita será importante para alinharmos esforços e definirmos estratégias conjuntas para atendermos com o máximo de agilidade as pessoas e os municípios que enfrentam esse desastre”, observou Góes. “Quanto mais sinergia tivermos, melhor poderemos atender e mais rápido será a liberação de recursos para os municípios”, completou.
Também presente à reunião com os parlamentares e prefeitos gaúchos, o ministro Paulo Pimenta elogiou o trabalho realizado pela Defesa Civil Nacional e informou que o Exército Brasileiro já foi mobilizado para ajudar nas ações de resgate dos moradores.
“A Defesa Civil faz um trabalho incansável e de imensa dedicação no apoio às cidades que enfrentam desastres. E, agora no Sul, teremos o suporte do Ministério da Defesa, por meio do Exército, que já disponibilizou botes para resgate de pessoas que estão em áreas alagadas”, informou Pimenta. “E, com apoio do Ministério da Justiça, também disponibilizaremos helicópteros para as ações de salvamento”, completou.
O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, agradeceu o apoio do Governo Federal. “Estamos com 80% da área da cidade alagada, com mais de 50 pontos com pessoas necessitando de resgate. Está o caos absoluto, tudo completamente destruído”, lamentou. “Precisamos de recursos para reconstruir a cidade. Nosso objetivo principal é salvar vidas e todo apoio é muito importante neste momento”, enfatizou.