
Embaixada norte-americana no Brasil publicou informe. Governo Trump quer barrar a entrada nos EUA das pessoas que emitam opiniões que eles não gostam
Os Estados Unidos formalizaram uma regra que exige uma “análise” das redes sociais das pessoas que buscam visto para estudar no país, em meio à perseguição do governo Donald Trump contra as universidades e estudantes que se posicionam de forma contrária ao genocídio que patrocina na Palestina.
Na quarta-feira (25), a Embaixada dos EUA no Brasil publicou um informe falando sobre a exigência de que os estudantes e viajantes brasileiros deixem “abertos” seus perfis nas redes sociais para uma análise.
Deixando o perfil “aberto” ou “público”, todas as publicações, compartilhamentos e interações dos que solicitam visto para estudo podem ser lidas pelos agentes da imigração.
A Embaixada diz que essa é uma questão de “segurança nacional”. “Os EUA devem manter vigilância rigorosa durante o processo de emissão de vistos para garantir que os solicitantes não representam risco à segurança dos americanos e aos interesses nacionais”, diz o documento.
A nova “triagem” inclui uma “verificação abrangente e minuciosa” da “presença on-line de todos os solicitantes”.
O governo do país não foi claro sobre o tipo de publicação que poderá levar o candidato a não conseguir seu visto.
As novas regras são exigidas ao mesmo tempo em que o governo de Donald Trump endurece a perseguição contra estudantes com posições pró-Palestina ou, simplesmente, contrárias ao genocídio cometido por Israel contra a população da Faixa de Gaza.
A prisão do estudante de pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade de Columbia, Mahmoud Khalil, foi um caso que ganhou visibilidade nos EUA. Khalil tem visto de residência permanente nos EUA e, por ser uma das lideranças das manifestações contrárias ao genocídio, ficou preso por mais de três meses.
O presidente Donald Trump se pronunciou sobre o caso e falou que “esta é a primeira prisão de muitas que virão”.
Para impedir manifestações contra o genocídio realizado por Israel, o governo Trump alega que Khalil e outros estudantes são envolvidos em atividades “pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas”. “Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem”, publicou Trump em uma rede social.
O supervisor da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, em inglês) em Washington, capital dos EUA, Matthew Armour orientou cada estudante que queira entrar nos EUA a “estar atento ao que posta nas redes sociais. As redes são nosso modo atual de comunicação e o que você coloca ali pode ajudar ou atrapalhar sua tentativa de entrar nos EUA”.
Para além da análise das redes sociais quando da solicitação do visto, os estudantes podem ser submetidos a uma análise de seu celular e outros dispositivos assim que desembarcam nos EUA. Caso a pessoa se recuse, pode ser enviada de volta para seu país.