Após retirar centenas de milhões de dólares da Organização Mundial da Saúde (OMS) e anunciar a ruptua dos Estados Unidos da entidade, o governo Trump decidiu não participar da campanha de arrecadação de recursos para uma vacina global contra a Covid-19.
Convidado para participar ao lado de mais de 50 chefes de Estado e de governo da Cúpula Global de Vacinas, nesta quinta-feira, e buscar alcançar US$ 7,4 bilhões a fim de imunizar 300 milhões de crianças em todo o mundo até 2025, Trump desejou boa sorte. A resposta veio de bate-pronto dos jardins da Casa Branca.
Anfitrião da cúpula, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, defendeu que as vacinas estejam acessíveis a todos, em especial em países mais pobres, e que “nossa missão hoje é lutarmos juntos contra doenças”.
Na avaliação do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, “o coronavírus mostra que não há fronteiras no mundo” e que todas as vacinas são importantes e precisam estar acessíveis à humanidade. Assim como, ressaltou, a imunização da Covid-19 também será um “bem mundial”.
Para Erna Solberg, primeira-ministra da Noruega – país que registra somente 238 óbitos por coronavírus até agora – salientou que a vacinação contra todas as doenças é uma questão de saúde mundial e para isso é preciso garantir que “ninguém será deixado para trás”.
Assim como vários outros países, que até doaram montantes mais elevados, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, aproveitou o momento para anunciar a doação de US$ 20 milhões até 2025 para a entidade. A Coreia do Sul também confirmou que enviará US$ 30 milhões para a Gavi.
Em sua participação, a chanceler alemã, Angela Merkel, alertou para o grave risco de doenças dadas como controladas voltarem. “Temos que ter vacinação em massa no mundo todo”, enfatizou.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que vacina era sinônimo de “afastamento do medo”, sinalizou uma importante doação e disse que “em tempos extraordinários, precisamos de ações extraordinárias”.
Sem a colaboração dos EUA, todos os demais recursos arrecadados no evento serão destinados à Gavi, a Aliança da Vacina, uma organização internacional criada em 2.000 para melhorar o acesso à vacinação nos países mais necessitados. O dinheiro é considerado essencial não apenas para proteger as crianças de doenças mortais como poliomielite, difteria e sarampo, com a projeção de que cerca de oito milhões de vidas sejam salvas, como também para ajudar a garantir a recuperação global da pandemia de coronavírus.
Por conta da Covid-19, a OMS constatou que a imunização para proteger milhões de crianças de outras enfermidades reduziu drasticamente em países com menos recursos.