Uma semana após a mobilização dos caminhoneiros contra os consecutivos aumentos no preço dos combustíveis e pela garantia do cumprimento da tabela mínima do frete para a categoria, a direção da Petrobrás elevou em 3% o preço médio do diesel nas refinarias. O novo reajuste começou a valer neste sábado (21/12).
A diretoria da estatal já havia elevado o custo do diesel em 1,2% no final de novembro e em 2% no início de dezembro. Com este novo reajuste, o diesel acumula alta de 6,3% nas refinarias.
Em entrevista na semana passada (11), o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, afirmou que não há justificativa nenhuma para o governo controlar os preços dos combustíveis.
“Combustíveis têm que ser usados como qualquer outro produto. Não se justifica nenhum controle sobre o preço”, disse Castello Branco, afirmando que segurar o preço do diesel não resolve o problema dos caminhoneiros.
Para esse governo, controle só dos salários, das aposentadorias e dos gastos públicos com saúde e educação.
O preço do diesel praticado pela Petrobrás acompanha a alta das cotações internacionais de petróleo. Esta prática teve início em 2016 no governo Temer e está sendo mantida pelo governo Bolsonaro.
“O consumidor brasileiro paga preços vinculados ao petróleo no mercado internacional e à cotação do dólar, além dos custos estimados de importação, apesar do petróleo ser produzido no Brasil e de haver capacidade de refiná-lo no país. Enquanto isso a Petrobrás perde mercado”, afirma Claudio da Costa Oliveira, economista aposentado da Petrobrás, em artigo publicado no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet). “Essa ideia não encontra paralelo em nenhuma empresa do mundo, já que prejudica o consumidor brasileiro, a Petrobrás e a economia do pais. Os únicos beneficiados são as “traders” internacionais e as refinarias no exterior (principalmente americanas) para onde estamos transferindo emprego e renda”.
Na semana passada (6), o preço médio do diesel nas bombas de combustíveis estava em R$ 3,718, custo este que supera o patamar de R$ 3,708 cobrados pelos postos do país na semana que antecedeu a greve dos caminhoneiros em maio do ano passado, que paralisou o Brasil por duas semanas.
Por consequência da greve, que contou com um amplo apoio da população, o governo Temer foi obrigado a reduzir o preço do diesel e o presidente da Petrobrás na época, Pedro Parante, se demitiu do cargo.
Este ano, os caminhoneiros têm demonstrado sua insatisfação perante o atual governo, que não cumpriu a promessa de garantir a tabela mínima de frete. Segundo dirigentes do movimento, desde junho o governo vem prometendo a publicação no Diário Oficial do texto que dispõe sobre a regulamentação da tabela mínima de frete.