Em leilão realizado nesta terça-feira, a ExxonMobil, em associação com a Petrobrás, adquiriu um campo de petróleo na chamada “franja do pré-sal”, na Bacia de Campos. Fernando Siqueira, vice-presidente da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), denunciou que algumas áreas leiloadas “já são áreas do pré-sal”. Segundo Pedro Parente, o consórcio formado pela estatal junto com a múlti americana fez uma oferta elevada no leilão desta terça – R$ 2,24 bilhões – por um dos campos, “justamente porque há indícios de pré-sal nesses blocos”. A Aepet vai se somar ao conjunto do movimento sindical para impedir a entrega criminosa do pré-sal no 2ª e 3ª leilão em outubro.
O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, afirmou em entrevista ao HP, que a entrega de áreas do pré-sal para o cartel internacional do petróleo pelo atual presidente da Petrobrás, Pedro Parente, faz parte do desmonte da estatal e da capacidade da empresa de garantir a produção petrolífera brasileira. Em leilão realizado nesta terça-feira (27), a ExxonMobil, em associação com a Petrobrás, adquiriu um campo de petróleo na chamada “franja do pré-sal”, na Bacia de Campos.
Fernando denunciou que algumas áreas leiloadas nesta terça-feira “já são áreas do pré-sal”, apesar do governo dizer que o leilão do pré-sal propriamente dito será somente no final de outubro. “A quadrilha que se apossou do Palácio do Planalto tem como objetivo entregar o petróleo brasileiro para o cartel internacional”, disse ele. “Os países desenvolvidos dependem do petróleo, não têm reservas e têm uma insegurança energética brutal. Os EUA, que dos países desenvolvidos é o que tem maior reserva, têm 30 bilhões de barris em sua reserva, na verdade 40 bilhões se você considerar o gás de xisto, e consome 10 bilhões por ano. Então em quatro anos, o país morreria sem petróleo”, informou.
Siqueira conclamou todos os brasileiros a se mobilizarem para barrar o leilão do pré-sal que está marcado para o dia 27 de outubro no Rio de Janeiro. “Vamos nos somar ao conjunto do movimento sindical que já está se mobilizando para impedir essa entrega criminosa do nosso pré-sal”, disse ele. O sindicalista lembrou que a participação das multinacionais neste leilão de agora “ainda foi pequena”, apesar de já terem entregue a franja do pré-sal para a ExxonMobil. “Eles estão interessados mesmo é em participar dos leilões dos nossos campos no pré-sal”, denunciou. “Das 71 áreas ofertadas hoje, somente uma foi vendida”, ponderou Fernando.
“É a ganância por petróleo e a falta de reservas estratégicas por parte dos países hegemônicos que fez com que os EUA tenham invadido o Iraque, a Líbia e tenham colocado aqui a IV Frota Naval quando o pré-sal foi descoberto”, denunciou. Ele lembrou que ela veio para o Atlântico Sul, “que só tem o Brasil e a Argentina”. “Como a Argentina já tinha desnacionalizado o seu petróleo, o que eles vieram fazer aqui foi pressionar o Brasil a entregar o seu petróleo”, afirmou o engenheiro, ao comentar, tanto a decisão do governo Dilma de leiloar o campo de Libra em 2013, quanto a decisão agora do governo Temer de entregar todo o resto do pré-sal.
Pedro Parente confessou que o consórcio formado pela estatal junto com a multinacional americana ExxonMobil fez uma oferta elevada no leilão desta terça – R$ 2,24 bilhões – por um dos campos, “justamente porque há indícios de pré-sal nesses blocos”, disse ele. “Vocês têm que lembrar que a Petrobrás é a empresa que mais detém o conjunto de informações sobre o offshore brasileiro. Portanto, vocês haverão de convir que não pagaríamos o valor que pagamos se não tivéssemos informações que demonstram que isso vale”, disse Parente. Pela fala de Parente, tudo indica que será a Petrobrás a entrar com a maior parte do dinheiro do “consórcio” com a ExxonMobil em que as duas têm 50% das ações cada uma.
Fernando afirmou ainda que “eles estão consumando a destruição da nossa indústria do petróleo”. Ele lembrou que o tucano José Serra já havia prometido à Chevron em 2010 a entrega do petróleo brasileiro. Depois de eleito senador, ele fez o projeto tirando da Petrobrás a condição de operadora única do pré-sal. O projeto Serra foi aprovado no Senado com o apoio do governo Dilma. “Então, agora não tem obrigação nenhuma da Petrobrás concorrer no pré-sal”, disse Fernando. “Parente está lá para sabotar a Petrobrás. Ele vendeu 66% da participação da Petrobrás no campo de Carcará, que representa 2 bilhões de barris, por 2,5 bilhões de dólares, ou seja, 1,25 dólares o barril. Uma verdadeira doação do campo para a estatal norueguesa Statoil”, denunciou.
CARCARÁ
O engenheiro e diretor da Aepet, ainda acrescentou que o campo de Carcará “não é o maior, mas é o melhor campo do pré-sal, porque ele tem uma pressão maior que os outros e, então, ele gera uma economia enorme pelo fato de você ter que injetar menos água e gás para recuperar a pressão durante a produção”. “O campo de Carcará vai produzir durante dez anos sem essa necessidade e tem uma reserva de três bilhões de barris”, acrescentou. Ele alertou que, certamente, “a participação da Petrobrás neste atual leilão, sob a direção de Pedro Parente, será para vender depois sua participação para os sócios estrangeiros”.
Para Fernando, “Pedro Parente já causou grandes prejuízos no passado à Petrobrás e, agora, ele foi colocado à frente da estatal novamente com a única a missão de completar o serviço iniciado no final da década de 90 e início de 2000. Ou seja, fatiá-la e destruí-la, além de entregar o pré-sal para o cartel do petróleo”, denunciou. “Este leilão faz parte desse processo”, alertou Fernando. “Ele já vendeu a empresa distribuidora de gás, a Gaspetro, vendeu a Liquigás. Vendeu os gasodutos, etc.
Ele vendeu a empresa de gás para a Mitsui, que foi citada pela Operação Lava Jato e, em vez de ser considerada impedida pelo governo brasileiro, ela recebeu uma empresa estratégica que é a de distribuição de gás, pela metade do preço”, denunciou Siqueira. O engenheiro assinalou que dois geólogos PHDs da UERJ estimaram as reservas do pré-sal em 176 e 280 bilhões de barris de petróleo. “É esse patrimônio todo que vai ser entregue de mão beijada para o capital internacional”, denunciou Fernando Siqueira.
Confirmando os propósitos de Parente de enfraquecer a Petrobrás e entregar praticamente todo o pré-sal para o cartel internacional do petróleo, o lobista Adriano Pires, comemorou o leilão de hoje dizendo que “foi só o aperitivo”. “Nesse leilão a grande estrela não foi a Petrobrás, mas a volta da ExxonMobil”, afirmou o lobista de multinacionais. O governo Temer também comemorou a presença da ExxonMobil no leilão desta terça-feira. Temer disse que isso representa que as empresas estrangeiras estão muito satisfeitas com suas medidas de entrega a preço de banana do patrimônio nacional.
SÉRGIO CRUZ