O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou no último sábado (18) o envio de mais cem agentes da Força Nacional ao Rio Grande do Norte. Desde a última terça-feira (14) o estado é alvo de ataques criminosos a prédios públicos, comércios e veículos. Segundo a polícia, as ações são comandadas por uma facção criminosa denominada Sindicato do Crime.
Neste domingo, o presidente Lula anunciou no Twitter que Flávio Dino acompanhará as ações no Estado e prestará apoio à governadora Fátima Bezerra.
“Estamos com mais de 500 integrantes da Força Nacional e de forças federais atuando no Rio Grande do Norte, em auxílio ao governo do Estado. Determinei agora a destinação de mais 100 policiais”, anunciou Dino nas redes sociais.
A governadora Fátima relatou que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado e que o governo federal reiterou o apoio no combate aos atos criminosos.
Segundo o governo estadual, foram registradas, até o início da tarde de sábado,106 prisões, incluindo 18 presos na Operação Normandia, deflagrada pela Polícia Civil e pela Polícia Federal na sexta.
São 31 armas apreendidas, 87 artefatos explosivos, 23 galões de gasolina, além de veículos, dinheiro, drogas e munições apreendidas.
ATAQUES
Pelo menos 48 cidades do Rio Grande do Norte foram alvos de ataques criminosos nesta semana. O terror começou quando prédios públicos e privados foram depredados, veículos incendiados e moradores das regiões ficaram em estado de pânico.
Os ataques começaram na madrugada do dia 14 de março, quando ao menos 20 cidades foram alvos de destruição. No primeiro dia, um fórum de Justiça, duas bases da Polícia Militar, a sede de uma prefeitura e outros prédios públicos foram alvos. Veículos foram incendiados, incluindo ônibus do transporte público.
Nos dias seguintes, mesmo com a segurança reforçada, os ataques continuaram. Cem pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos ataques. O governo não divulgou um balanço oficial de mortes. Entretanto, um comerciante foi assassinado, na noite do dia 14, e dois suspeitos foram mortos em confrontos com a polícia. No sábado, um policial penal foi assassinado na Grande Natal.
O governo federal informou que o gatilho para os ataques foi a transferência de chefes do chamado Sindicato do Crime para fora do estado, em janeiro. A organização é considerada pelas forças de segurança a principal facção do Rio Grande do Norte.
Além disso, para os ataques, o Sindicato do Crime teria se aliado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção de origem paulista. Fontes do governo dizem que o PCC exige melhorias nas condições das unidades prisionais.
Aulas em universidades públicas, como a UFRN e UERN, foram suspensas. Natal e Mossoró chegaram a recolher a frota do transporte público. Viagens intermunicipais também foram suspensas. Dois jogos de futebol foram cancelados, incluindo o clássico América x ABC, que estava marcado para este domingo (19).
Na última sexta (17), o secretário nacional de segurança pública Tadeu Alencar afirmou que não há prazo para o fim dos ataques.
“Esse é um problema que nós não apertamos um botão e tem resultado efetivo, mas a gente está tomando, de forma responsável, de forma cuidadosa, de forma muito firme, todas as medidas”, afirmou.
O secretário disse que a operação de combate está evoluindo e descartou, neste momento, a instauração de uma Garantia de Lei e da Ordem (GLO), que acarretaria no uso das Forças Armadas no combate à onda de ataques.