O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, criticou Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde por não contratar mais doses da CoronaVac para o programa nacional de imunização contra a covid-19. Segundo Dimas, o governo “erra ao descartar a CoronaVac, a vacina mais segura entre todas que estão sendo utilizadas para todas as populações, mas especialmente para a população de 3 a 17 anos”.
O governo federal não incluiu a CoronaVac entre as opções para dose de reforço e justifica o boicote a falta de registro definitivo na Anvisa. Além disso, agência também não autorizou o uso do imunizante produzido pelo Instituto Butantan em pessoa de 3 a 17 anos.
Em entrevista ao jornal ‘O Globo’, Dimas destacou que “o Ministério da Saúde erra ao descartar uma vacina. A CoronaVac é a vacina mais segura entre todas que estão sendo utilizadas para todas as populações, mas especialmente para a população de 3 a 17 anos. Então estamos também aguardando o pronunciamento da Anvisa no sentido de que autorize o uso dessa vacina nessa população.
O Butantan ainda não pediu o registro definitivo da CoronaVac na Anvisa e, segundo Dimas Covas “há ainda uma pendência em relação a dados posteriores à vacinação, os dados de imunogenicidade. Estamos providenciando e tão logo estejam disponíveis vamos formalizar o pedido de registro definitivo. Esses dados estão na iminência de chegar, são exames que estão sendo feitos na China e estamos aguardando para meados desse mês”.
Para o presidente do Instituto Butantan, o fato do Ministério da Saúde ter investido em outras vacinas, principalmente para dose de reforço, e ter deixado de lado novas aquisições da CoronaVac mostra a falta de credibilidade da pasta.
“O ministério demonstra mais uma vez que não está preparado adequadamente para o enfrentamento da pandemia. Houve erro do ministério, poderíamos ter adiantado muito a vacinação. Felizmente, estamos tendo um controle da pandemia e essa variante Delta não trouxe grandes estragos aqui para o Brasil, mas quanto mais disponibilidade de vacinas para vacinar mais rapidamente a população, melhor. Nós temos que sempre ser proativos e nunca podemos ser reativos. Eu acho que é mais um erro do ministério entre tantos que foram cometidos durante esse combate à pandemia”.
Questionado se o fato de Bolsonaro se recusar a tomar vacinar impactou a vacinação no país, Dimas Covas destacou que o presidente foi ainda mais além para atrapalhar o enfrentamento à covid-19.
“Se fosse só o fato de ele se recusar a se vacinar estaria de bom tamanho, mas na realidade, o presidente fez uma campanha contra a vacinação. Não só se recusando (a se vacinar), como dizendo, muitas vezes, que as vacinas eram prejudiciais e que não deveriam ser obrigatórias. Houve uma ação do presidente da República contra as vacinas”, disse o presidente do Instituto Butantan.
BUTANVAC
Dimas Covas também falou sobre a expectativa de quando a ButanVac, vacina contra covid-19 que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, estará disponível.
“A vacina está produzida. Então, não temos o gargalo da produção, que é integralmente feita aqui no Butantan. Nós já temos o correspondente a mais de dez milhões de doses produzidas. Agora, ficamos na dependência dos resultados dos exames clínícos que estão sendo feitos aqui no Brasil e também na Tailânda e no Vietnam. O progredir dessa segunda fase do estudo vai determinar a velocidade com que serão gerados dados pra subsidiar uma autorização de uso pela Anvisa. Em 2021 não teremos a possibilidade, mas no primeiro semestre de 2022 rezo aos deuses que nos ajudem, juntamente com a Anvisa, a conseguir isso”.
Dimas Covas ainda afirmou que há possibilidade de que o Butantan celebre um contrato de encomenda tecnológica com o Ministério da Saúde para produção e aquisição da ButanVac.
Segundo ele, “Foi feita uma conversa muito inicial em relação a esse tópico, mesmo porque os estudos estão em andamento, mas à medida que os estudos vão progredindo essas conversas poderão ser aprofundadas. Só há explorações iniciais do assunto”.