Bolsonaro tratou o assassino covarde como “herói”
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) publicou, na segunda-feira (12), o direito de resposta dos familiares das vítimas do major Curió e negou que o torturador seja “herói do Brasil”, como disse o governo Bolsonaro em 2020.
Além do direito de resposta, exigido por decisão judicial, o governo Lula publicou uma nota falando que nas eleições de 2022 os brasileiros escolheram “retornar ao respeito às instituições, ao cumprimento da lei e à construção de um país mais justo para todos”.
Em maio de 2020, o governo de Jair Bolsonaro publicou um texto chamando o tenente-coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura de “herói do Brasil” por ter assassinado covardemente membros da Guerrilha do Araguaia, um movimento armado contrário à ditadura ocorrido nas décadas de 1960 e 1970.
Curió, morto em agosto do ano passado, admitiu que pelo menos 41 membros do movimento foram assassinados após terem sido rendidos e presos.
DIREITO DE RESPOSTA “O governo brasileiro, na atuação contra a guerrilha do Araguaia, violou os Direitos Humanos, praticou torturas e homicídios, sendo condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por tais fatos. Um dos participantes destas violações foi o Major Curió> pic.twitter.com/rmQ88O5fIx
— SecomVc (@secomvc) June 12, 2023
Bolsonaro sempre negou os crimes cometidos pela ditadura militar e ironizou, em diversos momentos de sua vida pública, o sofrimento daqueles que foram torturados e assassinados.
O governo Lula enfatizou que “agora, 2023, é tempo de justiça e reparação”. O texto ressalta que “nada justifica a tortura, a mais covarde das violências”.
Leia o direito de resposta publicado pelo governo Lula:
Em cumprimento de decisão judicial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República publica nesta segunda-feira (12/6), às 14h42, em todas as suas contas oficiais nas redes sociais, direito de resposta a uma postagem realizada nos perfis da SECOM no dia 5 de maio de 2020, durante a gestão de Jair Bolsonaro. É com satisfação que fazemos esta reparação histórica.
Além de desinformar sobre eventos históricos de amplo conhecimento e tratar como honroso o momento mais repulsivo da história recente do país, a postagem que motivou ação judicial, realizada na gestão de Jair Bolsonaro, tratava como “herói do Brasil” o homem que ordenou a prisão, tortura e execução de cidadãos brasileiros que defendiam a democracia durante o regime militar, em especial os que atuaram na guerrilha do Araguaia, na região de Tocantins, Pará e Maranhão. Não é herói. Nada justifica a tortura, a mais covarde das violências.
Em 2020, familiares das vítimas do Major Curió entraram com uma ação na 8ª Vara Cível Federal de São Paulo contra a União e o torturador Sebastião Rodrigues Moura, exigindo na Justiça o direito de resposta. A gestão Bolsonaro recorreu e protelou, em vão, ao cumprimento da justa decisão. O Brasil, na celebração de eleições democráticas, escolheu retornar ao respeito às instituições, ao cumprimento da lei e à construção de um país mais justo para todos os brasileiros. Agora, 2023, é tempo de justiça e reparação.
O Governo Federal tem total concordância com a ordem judicial que determinou o restabelecimento da verdade e dignidade das vítimas ao determinar a publicação do desagravo, reproduzido abaixo:
O governo brasileiro, na atuação contra a guerrilha do Araguaia, violou os Direitos Humanos, praticou torturas e homicídios, sendo condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por tais fatos. Um dos participantes destas violações foi o Major Curió e, portanto, nunca poderá ser chamado de herói. A SECOM retifica a divulgação ilegal que fez sobre o tema, em respeito ao direito à verdade e à memória.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para unir e reconstruir o país. Entre as diversas realizações de seu governo está a retomada da Comissão de Anistia que, após quatro anos atuando em contrário ao seu propósito original, retomou, em 30 de março, seu propósito original, que é promover reparação às vítimas das injustiças praticadas pelo Estado brasileiro. Atuar por memória, verdade, justiça e reparação.
O direito de resposta publicado neste dia 12 simboliza, também, direito ao futuro. O Brasil voltou e isso é só o começo.