Na capital paulista, metade dos postos de São Paulo estão sem vacinas da AstraZeneca para a 2ª dose
O governo de São Paulo denunciou que o governo Bolsonaro deixou de enviar 1 milhão de doses da vacina AstraZeneca ao estado, causando um apagão da segunda dose da vacina no estado. Em nota, o governo paulista alerta que o prazo de aplicação destas doses começou a vencer no dia 4 de setembro e denuncia que o descaso do governo federal impede o avanço da vacinação nos 645 municípios do estado.
Apenas na cidade de São Paulo, metade das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) está sem vacinas para aplicação da segunda dose.
No total, 240 dos 468 postos estão sem as doses, segundo informações do secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. O estoque atual do município é de cerca de
37 mil doses, o que não é suficiente para abastecer todas as unidades. Dados do Ministério da Saúde por meio da plataforma Base dos Dados mostram que 137 mil pessoas deveriam receber a segunda dose da vacina entre ontem e hoje.
Aparecido diz que entrou em contato com o governo do estado e com o Ministério da Saúde para resolver a situação. Até o momento, não há previsão de chegada de novas remessas à cidade. “Ontem a gente conseguiu remanejar doses entre as unidades, mas hoje não dá mais”, disse o secretário.
“Além destas 1 milhão de doses, São Paulo precisa receber cerca de 3,2 milhões de vacinas da AstraZeneca para concluir os esquemas vacinais até outubro. Desse total, 1,4 milhão precisam chegar até o dia 20 de setembro. Mais 1,27 milhão devem ser recebidas até a primeira quinzena do próximo mês e outras 465 mil até o final de outubro”, ressalta a nota da Secretaria de Saúde de São Paulo.
Questionado sobre a possibilidade de aplicar uma dose de Pfizer em quem recebeu a primeira de AstraZeneca, Aparecido diz que essa poderia ser uma saída viável se houvesse Pfizer em abundância.
No momento, esses imunizantes estão sendo usados na vacinação de adolescentes, que têm aderido fortemente à campanha.
O governo paulista ressalta ainda que “em eventual indisponibilidade de mais remessas da AstraZeneca, o Estado aguarda envio imediato de doses da Pfizer para suprir esta demanda e concluir os esquemas em conformidade com a solução de intercambialidade indicada pelo próprio PNI do Ministério da Saúde”.
“O não envio destas doses descumpre uma obrigação do Ministério da Saúde das vacinas necessárias à imunização complementar das pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina. A segunda dose é fundamental para o enfrentamento da pandemia e garantir proteção total para a população”, destaca Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI).
O desabastecimento de AstraZeneca já estava no radar de gestores estaduais e municipais e esse cenário se tornou mais factível com os atrasos na entrega do imunizante. A Fiocruz, que envasa os imunizantes da multinacional, já havia anunciado a paralisação da entrega das vacinas por um período de ao menos duas semanas.
A falta de imunizantes coloca em risco o avanço da vacinação em todo o país. A situação é ainda agravada pelo governo federal, que represa vacinas da Pfizer nos depósitos do Ministério da Saúde em Guarulhos e pela Anvisa, que suspendeu a distribuição de 12 milhões de doses da CoronaVac que foram produzidas na China.
A suspensão ocorreu porque o Instituto Butantan, responsável pela distribuição do produto em território nacional, informou à Anvisa na sexta-feira (3) que a farmacêutica chinesa Sinovac enviou para o Brasil doses da CoronaVac envasadas em uma de suas fábricas ainda não inspecionada e aprovada pela agência reguladora brasileira.