Secretário-executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na segurança do DF denuncia, em congresso da UNE, que o lobby das big techs, como Google, Meta (Facebook e Instagram) e Twitter, é um ataque de “empresas transnacionais querendo interferir de fora para dentro” do Brasil
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou que o governo federal “vai para cima” das plataformas digitais que se recusam a combater crimes na internet e que interferiram, com uma campanha mentirosa, no parlamento brasileiro contra o PL de Combate às Fake News (PL 2630).
Cappelli, que foi o interventor do governo federal na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal depois da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro, participou de um debate sobre democracia e combate ao fascismo no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), nesta quinta-feira (13).
Na avaliação de Cappelli, o lobby das big techs, como Google, Meta (Facebook e Instagram) e Twitter, é um ataque contra a liberdade do parlamento brasileiro.
Trata-se de “empresas transnacionais querendo interferir de fora para dentro” no Brasil.
Essas empresas capitanearam uma campanha que usou argumentos mentirosos e de mecanismos dentro de suas redes sociais para impedir a aprovação do Projeto de Lei de Combate às Fake News (PL 2.630/20), que tramita na Câmara dos Deputados.
O PL regula as redes sociais, criando ferramentas para impedir a disseminação de fake news e publicações criminosas, como mensagens racistas ou ataques contra a democracia, e permite a responsabilização das plataformas caso permitam, de caso conhecido, a veiculação dessas mensagens.
Ricardo Cappelli afirmou que “nada é mais revolucionário, na conjuntura atual, do que ser nacionalista”.
DEMOCRACIA
Para Cappelli, que foi presidente da UNE, a estabilização da democracia depende do crescimento econômico, do desenvolvimento do país e da geração de empregos. “As pessoas acreditam na democracia desde que ela melhore as suas vidas”, disse.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça comentou que o 8 de janeiro foi um “golpe que não foi concretizado” por ação das instituições e de todos os democratas.
Cappelli defendeu que os partidos de esquerda dialoguem com setores que foram, em parte, cooptados pelo bolsonarismo, como os evangélicos e os policiais militares.
Ele observa que o avanço da extrema-direita no mundo no Brasil tem base na concentração de renda e na “tragédia econômica da última década”.
No mundo, citou casos como a invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, e a eleição de figuras ligadas à extrema-direita na Europa. Esses casos nascem, disse Cappelli, da maior concentração de renda nos países ocidentais.
No Brasil, o bolsonarismo nasceu a partir da piora da vida do povo nos últimos 10 anos. Como resposta, Jair Bolsonaro propõe uma “volta impossível para um passado seguro”, como uma fantasiosa “vida melhor” que se tinha durante a ditadura militar.
M. V.