Entrega do setor de seguro e previdência é o primeiro passo para atingir o banco estatal
A direção da Caixa Econômica Federal protocolou, na sexta-feira (21), na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a oferta pública inicial de ações (Inicial Public Offer -IPO) da Caixa Seguridade, dando início à privatização do banco 100% público.
Com a privatização da Caixa Seguridade, Jair Bolsonaro dá início ao esquartejamento do banco que, desde sua fundação, em 1861, esteve presente na vida dos brasileiros.
Assim como vem fazendo com a Petrobrás, se desfazendo de suas subsidiárias, o processo é o mesmo com a Caixa. Esvazia o banco público para a seguir dar o golpe fatal.
A oferta será secundária, ou seja, o dinheiro arrecadado irá para a Caixa Econômica e não para a Caixa Seguridade. Parte do dinheiro arrecadado será desviado para o pagamento da dívida pública, conforme determinação do ministro Paulo Guedes.
“A arrecadação com a venda não será reinvestida na empresa, boa parte será repassada ao Tesouro Nacional na forma de pagamento do IHCD (Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida)”, afirmou Rita Serrano, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, no site da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) .
De acordo com Rita Serrano, o primeiro problema ao começar a privatizar partes da empresa é que ela perde autonomia de decisão. O único interesse do acionista é o lucro, e esse não pode ser o único foco de um banco público. “Os brasileiros perdem, só quem ganha são os investidores, principalmente as multinacionais”, denunciou.
A Caixa Econômica Federal é responsável pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego, além de operar recursos de diversos programas sociais. Possui atualmente cerca de 55 mil pontos de atendimento, incluindo agências-barco e unidades-caminhão.
Pedro Guimarães, escalado por Guedes para promover o desmonte da Caixa, além de privatizar a Caixa Seguridade, já anunciou que pretende abrir o capital da operação de cartões, das Lotéricas e do setor de gestão de recursos (Caixa Asset Management).
Privatista de carteirinha, o colega de Guedes no banco BTG, assessorou, por exemplo, a privatização do Banespa, antigo banco estadual do estado de São Paulo. Nos Estados Unidos, defendeu tese sobre o processo de privatização no Brasil. E está à frente da Caixa Econômica Federal para privatizar o banco, entregando, de preferência, ao capital estrangeiro.
Além da abertura do capital da estatal, a direção da Caixa prepara novas demissões, através do chamado “programa de demissão voluntária – PDV”, fechamento de agências e redução de sua estrutura administrativa.