Esquartejamento do banco público tem início com a venda do setor de seguros
O governo Bolsonaro iniciou o processo de privatização da Caixa Econômica Federal, banco público que no dia 12 de janeiro completou 159 anos, através do fatiamento do banco e a venda de suas subsidiárias.
Na quarta-feira, a Caixa comunicou, através da Caixa Seguridade Participações, que o conselho diretor aprovou a contratação de um grupo de bancos, chefiado pelo Morgan Stanley, para formatar a venda de ações (IPOs) do setor de seguros da Caixa.
A abertura de capital da Caixa Seguridade está sendo programada para ocorrer em abril deste ano.
“Em 2020, teremos foco total na abertura de capital da Caixa Seguridade e da Caixa Cartões. O da Caixa Seguridade será um laboratório para os demais”, afirmou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em recente entrevista ao Broadcast do Estadão. Mesmo dizendo que “a Caixa é um banco social e que, portanto, a questão da seguridade é muito importante”, o privatista segue preparando a sua venda.
O desmonte do setor de seguridade da Caixa afetará a rentabilidade do banco público e reduzirá sua capacidade de financiamento. Pedro Guimarães, que agora está vendendo a Caixa, participou do processo de privatização do BB Seguridade, do Banco do Brasil, em 2013 . Ele também participou do processo de privatização do Banespa. Nas atividades que antecederam a privatização do Banespa ocorreram fraudes grosseiras no balanço do banco público de São Paulo.
Segundo noticiou a Reuters, o banco norte-americano Morgan Stanley vai liderar um grupo de 10 bancos que coordenará o IPO e que inclui Bradesco BBI, Itaú BBA, Banco Plural, Banco BTG Pactual, Banco do Brasil, Credit Suisse, Santander Brasil, Bank of America e Caixa Econômica Federal.
CAIXA 100% PÚBLICA
“Para nós, funcionários da Caixa, é preocupante. Embora estejam vendendo o braço de seguros, o próprio presidente da Caixa tem dito que vai vender tudo que puder”, declarou Jair Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), em entrevista ao jornalista Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual.
“Hoje temos uma empresa com 4 mil agências, 82 mil empregados. Quando começa a despedaçar, por mais que preserve a empresa Caixa, está diminuindo o tamanho dela. Como é que vamos atender às grandes demandas?”, questiona Ferreira. O fatiamento da Caixa e a sua venda aos pedaços é o mesmo método utilizado pelo governo contra a Petrobrás.
“Começar a desmontar uma empresa desse tamanho, construída passo a passo pelos seus trabalhadores e pela sociedade, que são os verdadeiros acionistas da Caixa, é preocupante”, diz o presidente da Fenae, destacando que a Caixa está presente em todos os municípios do pais.
“Então atende a população nos locais onde os bancos privados não irão. Eles vão se concentrar onde tem dinheiro. Como estamos num país muito desigual, onde estão brasileiros que precisam de proteção e precisam ter oportunidades. Isso é papel dos bancos públicos”. A Caixa Econômica Federal é a principal instituição financeira do país a participar dos projetos de habitação popular.
159 ANOS
Em nota no site da entidade, convocando o Dia de Luta em Defesa da Caixa, para esta segunda-feira, 13 de janeiro, quando se comemora os 159 anos da Caixa, Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa afirma: “É por meio de setores, como as loterias, os seguros e os cartões, que a Caixa financia o sonho da casa própria, do acesso à faculdade com o Fies e do crédito mais barato”.
“É por intermédio delas também que saem os recursos para o Minha Casa Minha Vida, o maior programa habitacional do Brasil. Além disso, parte do dinheiro arrecadado com as loterias é aplicado no esporte, na cultura e na segurança nacional. Com a venda dessas áreas e a retirada do FGTS, o Brasil todo perde”, completou.