Joaquim Silva e Luna defende a desastrosa dolarização dos combustíveis. Uma política que leva ao aumento generalizado dos preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha no Brasil
O presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, voltou a defender a dolarização dos combustíveis na estatal – uma política determinante para o aumento generalizado dos preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha no Brasil.
Para Silva e Luna, as críticas recentes à direção da estatal são uma espécie de “caça ao bode expiatório”. E defendeu que a busca pelo lucro “não deve ser condenada”. “O que evita o desabastecimento nos mercados e viabiliza o crescimento equilibrado da economia é justamente a aceitação de que os preços são determinados pelo mercado, não por ‘canetadas'”, declarou.
“O fortalecimento do dólar em âmbito global e, em especial, no Brasil, tem alavancado os preços das commodities e incrementado a inflação. Mas essas incômodas verdades não parecem muito apelativas”, disse Silva e Luna ao portal UOL, criticando que o “tabelamento de preços sempre trouxe as piores consequências para qualquer país que o faça”.
A política de Preço de Paridade de Importação (PPI) submete os preços dos combustíveis praticados no Brasil à cotação do dólar, aliado ao aumento do barril do petróleo, além dos custos que os importadores têm com a importação dos combustíveis.
Assista ao vídeo que desmonta as mentiras sobre os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha
Essa política, além de nefasta aos brasileiros que recebem em real, é extorsiva, pois, essencialmente, está transferindo a renda do povo para os acionistas estrangeiros da Petrobrás, como bem disse o economista José Luis Oreiro.
“No Brasil a inflação está bem mais alta que o mundo, e a pergunta é por quê? Eu acho que os preços administrados explicam boa parte dessa elevação da inflação no Brasil. Você tem a política de preços da Petrobrás, que no meu ponto de vista, está equivocada. Ela está repassando para os consumidores toda essa volatilidade no mercado internacional de petróleo e, na verdade, o que há é uma grande transferência de renda dos consumidores, do público em geral para os acionistas da Petrobrás. O lucro da Petrobrás no primeiro semestre deste ano foi recorde. Então, esse é o ponto fundamental”, declarou o professor da Universidade de Brasília (UnB) ao HP.
O Brasil tem refinarias suficientes para abastecer o mercado interno de combustíveis com preços muito mais competitivos, mas elas não estão fazendo isso. Estão com 25% de ociosidade em sua capacidade de produção. Ou seja, as refinarias que podiam oferecer gasolina mais barata para os brasileiros estão sendo obrigadas a cobrar mais caro e, como resultado, elas estão perdendo mercado. Enquanto isso, as empresas privadas estão importando gasolina e óleo diesel dos Estados Unidos e ganhando muito dinheiro no Brasil.
Segundo o ex-consultor legislativo, Paulo César Lima, em entrevista ao HP, “a decisão de atrelar o preço dos combustíveis cobrados pela Petrobrás no Brasil ao dólar e ao barril do petróleo atende ao interesses dos importadores dos derivados de petróleo”. As empresas privadas, muitas delas laranjas das petroleiras, importam das refinarias americanas que entregam o produto a preços mais baixos e vendem no Brasil com preços mais altos, próximos aos do PPI (Preço de Paridade Internacional), praticados pela Petrobrás.
Além de buscar elevar ainda mais os ganhos dos acionistas da Petrobrás, na prática, essa política, que privilegia o estímulo às empresas importadoras de derivados, serve para o desmonte do parque nacional de refino brasileiro. Tudo em benefício apenas dos importadores de combustíveis e multinacionais exportadoras de derivados de petróleo para o Brasil. Com o PPI ainda, o governo Bolsonaro obriga as refinarias a praticar preços muito acima dos custos de seu custo de produção com o objetivo de manter valorizadas as refinarias da Petrobrás a fim de oferecê-las à venda ao capital estrangeiro.