O chefe da Assessoria Especial do presidente, ex-chanceler Celso Amorim, disse que “a decisão do Brasil ‘é soberana’ e consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática’
O Departamento de Estado dos EUA segue fazendo ameaças ao Brasil pelo fato do governo brasileiro ter soberanamente autorizado a atracagem de dois navios iranianos para abastecimento no porto do Rio de Janeiro. A reação contra a presença dos navios iranianos partiu de um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Segundo ele, que pode julgar tudo, a decisão brasileira foi “errada”.
HEGEMONISMO DECADENTE
O porta-voz do Departamento de Estado americano ainda tentou arrastar o Brasil para os conflitos criados pela desesperada necessidade dos EUA de manter o seu hegemonismo decadente, ao tentar colocar o Brasil contra o Irã.
Ele afirmou que Brasil, com esta atitude, estaria ‘hospedando embarcações de um regime que fornece armas para a Rússia usar contra a Ucrânia’. O presidente Lula tem se manifestado numa posição de neutralidade nesta guerra provocada pela expansão da OTAN no leste da Europa.
De forma cínica, o governo do país que mais reprimiu o seu povo, particularmente os negros e índios, mas também os hispânicos, inventou que os navios não poderiam entrar no porto do Rio de Janeiro porque o regime iraniano é “mau” com o seu povo. Consideram que a CIA tem o direito de julgar se o governo do Irã é mau ou não, bem como os donos das petroleiras que foram expulsas do Irã e os falcões da guerra do Pentágono.
ISRAEL TAMBÉM ESPERNEOU
“Hospedar embarcações iranianas pertencentes a um regime que está reprimindo brutalmente seu próprio povo no país e engajado em terrorismo e desestabilizando a proliferação de armas pelo mundo envia uma mensagem errada e é uma decisão errada”, disse o porta-voz, desconversando sobre o fato de que os EUA é o país que mais agrediu outras nações do mundo para saqueá-las, possuindo atualmente mais de 800 bases militares, armadas até os dentes, espalhadas por todo o planeta.
“Deixamos claro para países relevantes que esses navios não devem atracar em nenhum lugar e, até o momento, o Brasil é o único país do nosso hemisfério que aceitou o pedido de atracação”, disse o porta-voz americano. Parlamentares americanos, como o senador Ted Cruz, achando que o Brasil é quintal dos EUA, defendeu sansões contra o Brasil e contra as empresas envolvidas na atracagem dos navios.
Já outro satélite dos EUA no Oriente Médio, o governo de Israel, foi mais agressivo ainda com a soberania do Brasil. Em nota oficial, classificou a presença do navio de guerra iraniano como “perigosa” e “lamentável” e conclamou: “Nunca é tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto”.
BRASIL REPELIU AMEAÇAS
A reação do governo brasileiro foi imediata. O chefe da Assessoria Especial do presidente Lula, ex-chanceler Celso Amorim, disse que decisão do Brasil ‘é soberana’. O ex-chanceler destacou que governo brasileiro aceitou receber as embarcações mesmo contrariando os EUA porque a atitude é ‘consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática’. A Marinha iraniana pediu autorização para atracar os navios para abastecimento.
Os navios já tinham recebido, em 13 de janeiro, a autorização para aportar entre os dias 23 e 30 daquele mês, conforme solicitado. A atracação dos navios foi adiada em razão da sensibilidade diplomática do movimento – por conta da viagem de Lula aos EUA, sendo que uma nova autorização foi emitida pela Marinha do Brasil e publicada pelo Diário Oficial da União no dia 23. Como mostrou o Estadão, além de receber as embarcações, o governo brasileiro participou de uma festa a bordo do navio, alusiva aos 120 anos das relações entre Irã e Brasil. Os navios permanecem até o dia 4 de março.
No último dia 15, a nova embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, já havia se intrometido nos assuntos internos do Brasil quando disse que os navios “não deveriam atracar em nenhum lugar”. Na ocasião, ela negou que o assunto tenha sido discutido entre Lula e Biden na Casa Branca, mas confirmou que o Departamento de Estado levou a questão para análise do governo brasileiro, por meio do Itamaraty.
DECISÃO ACERTADA
Segundo o Estadão, diplomatas brasileiros consideram que o Brasil acertou ao não atender pedido dos EUA para negar o pedido do Irã a respeito dos navios. O ex-embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Barbosa, afirmou que a posição do Brasil está correta e não deve sofrer nenhuma repreensão ou punição política ou econômica de Washington.
Segundo ele, em um cenário de intensas divisões globais, o país age corretamente ao se manter equidistante das tensões. “O Brasil aceita imposição de sanções desde que sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Sanções unilaterais, do ponto de vista do Brasil, são ilegais, sejam comerciais, sejam políticas”, afirma Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). O Irã está sob sanções econômicas unilaterais e ilegais dos EUA.
Não votei nele,mas fez certo…