
Após a deflagração da operação que prendeu o ex-ministro, os pastores e assessores, delegado Bruno Calandrini enviou mensagem aos colegas em que afirmou que houve interferência do governo no caso
“ATENÇÃO! Recebemos a notícia que o Dr. Bruno Calandrini, delegado responsável pela operação que prendeu Milton Ribeiro e os bandidos que roubaram o MEC, foi intimado para depor em uma sindicância que foi aberta pela Polícia Federal”, tuítou o senador Randolfe Rodrigue (Rede-AP), líder da oposição.
“Ou seja, o Governo Bolsonaro e o seu Ministro da Justiça, ao invés de desbaratar o esquema de corrupção do MEC, perseguem o delegado que está procedendo as investigações”, continuou Randolfe. “Irei tomar a seguinte providência: 1. Peticionarei no inquérito dirigido pela Ministra Cármen Lúcia para que essa sindicância persecutória cesse”.
Sob o governo Bolsonaro agir corretamente gera perseguições. É o “rabo balançando o cachorro”, por isso Bolsonaro diz aos quatro cantos do País, que no governo dele “não tem corrupção” ou que a “corrupção é pontual”. Isso porque não se pode investigar.
O delegado Bruno Calandrini, que cuida da investigação sobre o esquema de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, deixou o grupo da PF de Brasília responsável pelas investigações contra agentes políticos com foro privilegiado, conhecido como Cinq (Coordenação de Inquéritos).
Integrantes da cúpula da PF alegam que Calandrini já havia pedido para deixar o grupo no início do mês de maio, antes da deflagração da operação que resultou na prisão de Ribeiro. A saída dele foi autorizada com a condição de que ele continue à frente desse inquérito.
Segundo a PF, ele deixou o cargo que ocupava na Cinq nos tribunais superiores para atuar na UEICC (Unidade Especial de Investigação de Crimes Cibernéticos).
INTERFERÊNCIA DA CÚPULA DA PF
Após a deflagração da operação que prendeu o ex-ministro e os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, e assessores, Calandrini enviou mensagem a seus colegas em que afirmou que houve interferência da cúpula da PF no caso. Depois que não foi autorizada a transferência de Milton Ribeiro de São Paulo para Brasília.
Ele também foi responsável por solicitar à inclusão do ministro da Economia, Paulo Guedes, como investigado em inquérito sobre desvios no fundo de pensão dos Correios, o Postalis.
BLINDAGEM E BANCADA DA BÍBLIA
Em nota enviada após as denúncias, o então ministro Ribeiro blindou Bolsonaro, negou qualquer irregularidade e disse, na ocasião, ter compromisso com a laicidade do Estado.
Só ingênuos acreditam na laicidade desse governo. O Estado é considerado laico quando promove oficialmente a separação entre Estado e religião. Não é o que ocorre por essas plagas, porque Estado laico jamais permitiria a interferência de correntes religiosas ou privilegiaria esta ou aquela crença nas relações instituições.
A bancada da Bíblia, no Congresso Nacional, como são conhecidos os parlamentares que têm ligação direta com igrejas evangélicas das mais variadas denominações, não apareceu agora e não é privilégio desse governo, muito embora seus integrantes nunca tenham sido tão privilegiados.
BOLSOLÃO DO MEC
Esse escândalo do Bolsolão do MEC é prova escancarada disso. Pastores evangélicos sem qualquer vínculo de trabalho com o Estado, mas com livre acesso ao gabinete de ministro, negociando verbas públicas. Uma sujeira só.
Se fossem religiosos de verdade, se temessem a Deus como gostam de gritar nos milhares de templos e casas de oração espalhadas por todos os buracos deste país, jamais estariam metidos até o pescoço nessa prática. É pecado, segundo orientação propalada pela religião.
M. V.