Após o dólar fechar a semana passada com a cotação de R$ 3,74, o Banco Central aumentou sua atuação no chamado “mercado de câmbio”, queimando as reservas ao vender barato a moeda norte-americana, abarrotando os cofres dos especuladores (bancos, fundos de investimento etc.). Estes aplaudiram, pois compraram dólar barato agora para vender mais caro lá na frente.
Tudo isso em função de um fato do qual o governo brasileiro não tem nenhuma interferência, o aumento de juros nos Estados Unidos.
Esta é a política do governo. Ao mesmo tempo em que diz que não há dinheiro para saúde, educação, transporte público e para aumentar os vencimentos dos servidores públicos federais, sobra dinheiro para a especulação.
E mais, os preços sob sua responsabilidade, os chamados preços administrados, estão sendo dolarizados, como é o caso dos combustíveis (gasolina, diesel etc.), com a utilização da paridade dos preços internos aos preços internacionais. Assim, nesta segunda-feira (21), o preço da gasolina aumentou nas refinarias pela 11ª vez nos últimos 17 dias. Conforme o site da Petrobrás, a gasolina subiu 0,9%, para R$ 2,0867, enquanto o do óleo diesel aumentou 0,97%, para R$ 2,3716.
Não deu outra. Na manhã desta segunda-feira, os caminhoneiros paralisaram rodovias em pelo menos 18 estados (ver matéria na página 5).
A atuação do BC no “mercado de câmbio” se deu através dos contratos de “swap cambial”, que correspondem à venda de dólar no “mercado futuro”, um oceano de especulação. O governo estima que até o final de maio esses contratos totalizem R$ 6,5 bilhões.
Nas operações de swaps cambiais o BC oferece um contrato de venda de dólares, mas não entrega a moeda. No vencimento, os especuladores se comprometem a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período. É o que eles chamam de “proteção contra variações bruscas do câmbio”. Ou seja, garantia para os seus lucros, que ninguém é de ferro.
VALDO ALBUQUERQUE