Segundo Rubem Novaes, “o Banco do Brasil poderia estar liberado para uma privatização”
O lucro do Banco do Brasil (BB) foi de R$ 18,16 bilhões em 2019, um aumento de 41% em relação ao ano passado. No quarto trimestre (outubro, novembro e dezembro) o lucro foi de R$ 5,69 bilhões, o que representou um crescimento de 49,7% em relação ao mesmo trimestre de 2018.
O primeiro, segundo e terceiro trimestres trouxeram lucros de R$ 4,00 bilhões; R$ 4,20 bilhões e 4,26 bilhões, respectivamente, e também superando seus equivalentes do ano anterior.
Desde a sua posse, em janeiro do ano passado, Rubem Novaes, escalado por Paulo Guedes para assumir a presidência do Banco do Brasil, declarou ser favorável à privatização do banco, afirmando que a “Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa estariam bem melhor nas mãos do setor privado“.
Em uma das suas últimas declarações sobre o assunto, em evento organizado pelo banco Credit Suisse, em janeiro deste ano, em São Paulo, Novaes explicitou, mais uma vez, sua aversão ao BB: “Eu acho que com o tempo e a classe política, de uma maneira geral, vai se convencer de que o papel do BNDES e da Caixa já suprem a necessidade de um banco público e que o Banco do Brasil poderia estar liberado para uma privatização”.
O retorno sobre o Patrimônio Líquido em 2019, que dá uma medida de quanto o lucro obtido representa do capital do banco, foi de 17,3%.
É esse patrimônio do povo brasileiro que o governo Bolsonaro quer privatizar. Apesar das políticas de enfraquecimento da instituição, cuja ponto máximo ocorre agora no governo Bolsonaro, o Banco do Brasil consegue resultados bastante favoráveis, sem deixar de manter sua marca como banco público de atuação social relevante, especialmente pela sua dimensão de fomento.
No caso da agricultura, como disse o próprio Novaes, “um ativo importante que nenhum administrador abriria mão“, tem papel chave no Banco do Brasil. Em 2019, a carteira rural do Banco do Brasil chegou a R$ 170,3 bilhões em dezembro de 2019, um crescimento de 0,6% em 12 meses. No ano passado, a carteira rural aumentou a participação para 25,01% do total do Banco do Brasil, que em dezembro de 2019 chegou a R$ 680,7 bilhões. Em 2018, a carteira rural respondeu por 24,23% do total, que foi de R$ 699 bilhões.
MP do Agro
É esse “ativo que nenhum administrador abre mão” que o governo Bolsonaro quer entregar para os bancos privados. No dia 11 de fevereiro, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 897/16 que muda as regras para o crédito rural, retirando a prerrogativa bem sucedida, há mais de um século, do Banco do Brasil de fazer o atendimento do crédito agropecuário.
A medida, conforme denunciaram parlamentares da oposição, enfraque os bancos públicos, em particular o Banco do Brasil, ao permitir a bancos privados condições de fazer empréstimo ao setor rural com recursos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional.
Entre outras ações contra o Banco do Brasil está a entrega para os norte-americanos, até o fim do segundo trimestre, da BB DTVM (BB Gestão de Recursos – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.).
A subsidiária integral do BB é especialista na gestão de fundos de investimentos de clientes do banco estatal e líder na gestão de fundos de investimentos no Brasil, com patrimônio superior a 1 trilhão de reais. https://horadopovo.com.br/privatista-quer-entregar-maior-gestora-de-fundos-do-bb-a-americanos/
No ano passado foi anunciado a formação de uma “parceria” entre o Banco do Brasil e o grupo suíço UBS na área de banco de investimentos, onde o UBS terá 50,01% das ações, e o BB, 49,99%.