O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, na tarde de quarta-feira, anunciou que o governo resolveu “tornar sem efeito” as novas regras para os livros didáticos, publicadas no dia 2 de janeiro – entre elas, acabar com a exigência de que os textos não contenham além de 10% de erros gráficos ou ortográficos, acabar com a exigência de que os livros tenham bibliografia, e, também, acabar com a exigência de que as ilustrações dos livros didáticos retratem a diversidade étnica e cultural do país.
Além disso, ficava liberada a propaganda comercial nos livros didáticos.
As novas regras foram baixadas, através de edital, logo após a posse de Vélez Rodríguez no Ministério da Educação (MEC).
Porém, como sempre acontece com o atual governo, ele jamais recua de nada – as coisas é que não aconteceram e jamais existiram. Desde a oferta do território nacional para uma base militar norte-americana até as modificações nos impostos, anunciadas pelo próprio Bolsonaro, passando pela extinção de repartições no ministério da mulher que subiu na goiabeira.
Portanto, disse o ministro da Educação, o governo Bolsonaro jamais lançou o edital que apareceu no dia dois.
O que houve, disse ele, foram “erros detectados no documento”.
No entanto, a nota de Vélez Rodríguez afirmou:
“O MEC reitera o compromisso com a educação de forma igualitária para toda a população brasileira e desmente qualquer informação de que o Governo Bolsonaro ou o ministro Ricardo Vélez decidiram retirar trechos que tratavam sobre correção de erros nas publicações, violência contra a mulher, publicidade e quilombolas de forma proposital.”
Então, agora sabemos que não foi de “forma proposital” – apesar de todo mundo saber que essa é, exatamente, a política defendida por Bolsonaro e Vélez Rodriguez.
E nem queira saber, leitor, como é possível fazer isso de forma não proposital. O governo também não sabe, porque não foi nada disso que aconteceu. O que houve, como nos outros recuos que não foram recuos, foi o popular “se colar, colou”. Ou: se ninguém protestar, emplacamos uma.
É essa a forma de governar de Bolsonaro – já que sua posição real é tão estúpida, tão sem ligação com o país, que ele não consegue fazer nada, ou quase nada, se alguém estiver prestando atenção.
Indagado sobre como essas coisas foram parar no edital de forma não proposital, Vélez Rodríguez culpou o governo Temer.
Essa é outra constante do atual governo: quando a situação aperta, sobra para Temer. Com aquela folha corrida, acham os bolsonaristas, sempre é possível acrescentar mais um item.
C.L.