Em Live realizada nesta quinta-feira pelo HP, mediada por Carlos Pereira, lideranças sindicais dos servidores públicos debateram a atual crise sanitária, econômica e política do país, discutindo também os ataques de Bolsonaro contra o funcionalismo público.
Veja a live completa no link abaixo:
Flávio Werneck, dirigente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), destacou que “a estratégia desse governo é destruir a Constituição de 88. E faz isso atacando as instituições, dizendo que o judiciário não funciona, que a polícia não tem que ser de Estado, mas de governo, e todas as demais instituições, Banco Central, Receita Federal, Coaf”.
“Tudo é feito de maneira a demonstrar que nada disso funciona. Faz isso para sucatear, vender o que pode ser vendido a preço de banana. É tudo parte de uma estratégia de governo, para conseguir passar coisas como a PEC 186. Uma emenda à Constituição de reforma administrativa utilizando a necessidade do auxílio emergencial à população de uma quantia, e ainda diminuindo essa quantia para 200, 250 reais. E pede como contrapartida que aperte mais o serviço público, dando mais um passo no sucateamento do serviço público, o que atingirá diretamente a população, aquele atendimento direto da população, do INSS, o enfermeiro, os policiais”.
FACA NO PESCOÇO
“Se é emergencial por que não fez via Medida Provisória? Não. O que o governo fez foi meter a faca no pescoço dos servidores, do Congresso Nacional, dizendo que só tem auxílio emergencial se aprovarem esse arrocho nos serviços públicos, quando uma MP resolveria”.
“Isso só mostra que esse governo não está preocupado com o Brasil, e sim com os banqueiros. R$ 1,2 trilhão destinado aos bancos e apenas 40 milhões para o auxílio. Como vai dizer que não tem dinheiro? É opção de governo, e a opção deste governo é acabar com o serviço público”, ressaltou Werneck.
Para João Domingos, estamos vivendo o momento mais grave da crise brasileira em que “todo o Brasil pode, em breve, estar vivendo aquela situação de Manaus. É nessa circunstância que estamos debatendo vacina, emprego e renda nesse momento”.
“Hoje, a única preocupação do governo é perseguir funcionário público, fazer ajuste em cima de demissão e congelamento de servidor, quando deveria estar preocupado com a vacinação em massa. Não existe possibilidade de termos emprego e renda sem vacinação em massa. E a preocupação do governo é acabar com o resto do Estado. Hoje, o serviço público é o servidor que está na ponta, entre a morte indigna das pessoas e essas determinações da política governamental”, afirmou Domingos.
RESPOSTA POLÍTICA
Sebastião Soares, do Observatório Sindical Brasileiro Clodesmitd Riani, destacou que “agora, o momento é de salvar vidas, tirar o Brasil desse abismo. É hora de gerar emprego, de acabar com o sofrimento de milhões de brasileiros. É hora de rever isso com uma política econômica voltada para o povo e não para os banqueiros. É hora da retomada do Estado, criando um modelo de desenvolvimento nacional, autônomo e soberano”.
“E para isso é necessário darmos uma resposta política a essa situação atual, com uma poderosa frente ampla com democratas de todo o país para derrotar o governo Bolsonaro. É hora também de o movimento sindical assumir a sua função como agente transformador desse processo”, ressaltou Sebastião.
Para Antonio Augusto, presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Universitário do Rio Grande do Sul, “estamos num momento em que passamos de 270 mil mortes, e mais de 2 mil mortes diárias. Um momento muito triste e com um total desgoverno. Um governo que utiliza a maior tragédia sanitária para tripudiar em cima do povo, da sobrevivência do povo”.
“Vem para aprovar essa PEC 186. Como vimos, isso tudo começou lá com a Emenda 95, com a contrarreforma trabalhista e, agora, precisamos, mais do que nunca, da união dos trabalhadores, que são o motor da história”.
“Querem transformar o Estado em subsidiário, colocar a lógica de mercado no serviço público. Estão acabando com a Constituição Cidadã, entregando os direitos sociais a essa lógica de mercado. Para isso, utilizam dados falaciosos, dizendo que temos excesso de servidores. O Brasil tem 12% de servidores, quando a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 37 países) é 21%”, ressaltou Antonio.
PANDEMIA E AS MULHERES
Katia Rodrigues, presidente da Frente Paulista em Defesa dos Serviços Públicos, falou de como as mulheres sentem de maneira mais acentuada os efeitos da crise causada pela pandemia, tanto pela questão econômica como emocional. “As mulheres perderam o emprego, perderam renda, muitas são as mulheres negras, e o mercado não enxerga essas mulheres. E além disso, muitas mulheres sofreram de depressão. E ainda mais grave, a violência contra as mulheres nesse período atingiu dados alarmantes”, afirmou Katia.
Para Lineu Mazano, presidente da Federação dos Funcionários Públicos de São Paulo, as consequências das reformas trabalhistas, da previdência e agora da reforma administrativa são desastrosas para os trabalhadores. “Estamos com queda do salário médio, aumento recorde de desemprego. A pandemia foi um prato cheio para o governo Bolsonaro, que, se utilizando de um decreto de ‘calamidade pública’, se aproveita para atacar os direitos dos trabalhadores”.
Daro Piffer, dirigente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (SINAL), afirmou que “a negação da pandemia fez com que o governo não tomasse nenhuma ação em tempo hábil, o que nos trouxe a essa crise de hoje. Negou que iria ocorrer um problema e entramos numa disputa interna que só vai se arrastar, isso porque o governo não assumiu o que deveria”, destacou Daro.
João Paulo, da Fasubra, falou da importância do debate da organização do movimento sindical, ressaltando que o ‘fora Bolsonaro’ não é um slogan, e sim uma questão de sobrevivência. “Na contramão de todo o mundo, o governo Bolsonaro se negou a comprar vacina. Foi passear em Israel e teve que usar máscara. Voltaram com máscara e sem spray nenhum. Nós queremos ‘fora Bolsonaro’ porque queremos que os brasileiros sobrevivam”, ressaltou.