BC segue as ordens do Planalto e aumenta pela 11ª vez o arrocho do crédito. Atividade econômica vai seguir empacada e o desemprego em alta
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (15), alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Assim, a Selic passa de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano. É o maior patamar da taxa desde novembro de 2016. Com a decisão, o Brasil consolida a sua posição de campeão mundial de juro real (descontada a inflação).
Com esta elevação, a 11ª consecutiva, das taxas de juros do governo Bolsonaro e do Banco Central afundam ainda mais a economia do país, que já patina no fundo do poço desde o início do governo. Os onze aumentos de juros só pioraram o desempenho da economia e não interferiram na inflação de 12 meses que já está em dois dígitos. Ou seja, com essa politica o país está entrando em estagflação, a economia parada e a inflação nas alturas. Para o ano as projeções são de 8,89%.
A justificativa para seguir esfolando os cidadãos, os consumidores e o setor produtivo do país e beneficiando os rentistas e especuladores é sempre a mesma. São as “incertezas do mundo”. “O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva“.
Ou seja, o governo aumenta a gasolina, a energia elétrica, não garante estoques reguladores de alimentos e deixa os preços serem dolarizados e subirem descontroladamente e quem paga a conta desta aberração é quem precisa de crédito nos bancos, quem produz e quem trabalha, estes últimos, com renda cada vez, menor, já não conseguem se alimentar ou pagar as suas contas. O objetivo do governo com os juros na lua é colocar a economia na lona.
No governo Bolsonaro a fome explodiu com 33 milhões de brasileiros sem comida. A taxa de desemprego é uma das maiores do mundo, com cerca de 40 milhões na informalidade, no trabalho precário, e a renda desabou ao menor nível dos últimos anos.
Os últimos dados do IBGE, do mês de abril deste ano, mostram uma economia estagnada. Como destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi): “Assim como a indústria, o setor de serviços começou o segundo trimestre de 2022 praticamente estagnado. Os dados divulgados hoje [14/6] pelo IBGE mostram que seu faturamento real variou somente +0,2% na passagem de mar/22 para abr/22, já descontados os efeitos sazonais. A maioria de seus ramos ficou no vermelho“.
O suposto combate à inflação, pretexto usado para elevar os juros e transferir recursos da sociedade para os especuladores, não interfere nos índices de preço. As altas seguirão ocorrendo porque suas causas não têm nada a ver com excesso de demanda. A elevação dos juros teria, segundo os integrantes do governo, a intenção de desaquecer a demanda e baixar a inflação. A atual demanda do país não está aquecida, pelos contrário, com a queda na renda, ela está deprimida.
A inflação está claramente ligada à dolarização da economia e à crise de oferta provocada pela quebra pelo atual governo dos estoques reguladores as das cadeias globais de suprimentos e bens e serviços, provocada pela pandemia e pelas sanções dos EUA contra a Rússia.
O economista André Lara Resende tem desmoralizado a insistência do governo brasileiro em usar a elevação das taxas de juros e o arrocho fiscal para supostamente combater a inflação. Segundo ele, essas ideias já caíram em desuso em vários países. O quantitative easing (QE) do governo dos EUA, que inundou o país e o mundo de dólares durante mais de cinco anos e não alterou a inflação, desmoralizou essa velha “teoria”. A inflação permaneceu próxima de zero mesmo com a expansão monetária.