O governo Bolsonaro suspendeu uma multa de R$ 27 milhões ao consórcio que tem participação de uma empresa da ex-esposa de Federick Wassef, Cristina Boner, outra de sua filha, Bruna Boner Leo Silva.
Em 2014, o Consórcio MG2I foi contratado pela Dataprev para realizar serviços, os quais nunca realizou, mesmo tendo recebido o pagamento de R$ 17 milhões. Entre as empresas que participaram do consórcio estavam a Globalweb Outsourcing, que é de Cristina Boner, e a Maisdoisx Tecnologia, de Bruna Boner, filha de Cristina.
Até abril de 2018, quatro anos depois da contratação, o consórcio não entregou o serviço contratado.
Em documento de 6 de abril de 2018, a Dataprev rescindiu unilateralmente o contrato, suspendeu “o direito de licitar e de contratar de todas as empresas participantes deste consórcio” e reivindicou a multa de R$ 27 milhões.
Em março de 2019, já no governo Bolsonaro, porém, o Diário Oficial da União dizia que a Dataprev e o consórcio “acordam pela suspensão de comunicação de rescisão e da aplicação de sanções contratuais previstas”, prorrogando o prazo até o próximo mês de outubro.
Frederick Wassef foi advogado da família Bolsonaro até domingo (21).
Em sua chácara em Atibaia, interior de São Paulo, Fabrício Queiroz foi encontrado pela polícia e preso sob a acusação de obstrução à Justiça no processo que apura o esquema de rachadinha no gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Queiroz era o operador do esquema. De 2015 a 2017, ele movimentou R$ 7 milhões sem ter renda para isso.
Somente depois da prisão de Queiroz em sua chácara, a família Bolsonaro decidiu afastá-lo da defesa para tentar se proteger.
O “Anjo”, como era tratado por Queiroz e sua mulher Márcia, era muito íntimo da família Bolsonaro.
Segundo o Jornal de Brasília, a estreita relação “entre Frederick Wassef e Jair Bolsonaro se deu a partir da elaboração por Fred e Cristina do Projeto de Lei que liberava a pílula do câncer. Daí em diante, o então deputado Bolsonaro passou a frequentar a mansão de Boner no Lago Sul, bairro nobre da capital federal com frequência. Fred também retribuía as visitas no Rio de Janeiro e no apartamento de Bolsonaro em Brasília”.
Ele transitava com desenvoltura, e a qualquer hora, nos Palácios do Planalto e Alvorada. Dizia representar todos os assuntos da família Bolsonaro, falava como se fosse um conselheiro do presidente. Isso tudo ocorreu até a manhã de quinta-feira (18), quando a polícia prendeu Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, escondido em sua casa em Atibaia, interior de São Paulo.
Da noite para o dia, o amigo queridinho da família virou um verdadeiro gambá. Uma bomba prestes a explodir. Percebendo que a casa caíra, Wassef começou a mandar recados claro ao Planalto para evitar ser escanteado e jogado ao mar.
“O que eu estou dizendo é: se surgirem quaisquer coisa em meu desfavor, é uma armação, é uma fraude, é uma farsa. Por que estão fazendo isso? Se fizerem, se fizerem, eu sei que estão fazendo isso pra tentar me incriminar, pra tentar aprontar uma pra mim, porque todos estão convictos hoje de que o Fred virou o alvo. Se bater no Fred atinge o presidente, eu e o presidente viramos uma pessoa só, então todos estão empenhados em atingir minha vida, em destruir minha vida, minha imagem, minha reputação. Mas vão cair do cavalo, que eu nunca fiz nada de errado na vida. Tá claro isso?”, disse ele à CNN, no sábado (22).
Depois, ele acrescentou uma ameaça não tão velada: “eu sei tudo o que ocorre na família Bolsonaro e vou falar na hora certa. Toda a verdade será conhecida, podem esperar”.