“Para mostrar concretamente aos investidores que vai fazer mais que uma jogada de marketing para tentar mudar sua imagem antiambiental, o governo deveria reverter os inúmeros retrocessos que promoveu até agora”
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), afirmou que o governo tem um passivo muito grande na questão ambiental e teria que inverter tudo isso se quiser mudar sua imagem internacional.
“Para mostrar concretamente aos investidores que vai fazer mais que uma jogada de marketing para tentar mudar sua imagem antiambiental, o governo deveria reverter os inúmeros retrocessos que promoveu até agora”.
Marina se refere à reunião, na quinta-feira (9), do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia, com empresários estrangeiros. Na reunião, por videoconferência, além do vice-presidente, estiveram presentes ministros do governo federal e investidores estrangeiros para tratar da preservação do meio ambiente no Brasil.
Os investidores cobram do governo medidas concretas do governo Bolsonaro em relação à proteção do meio ambiente. Empresas estrangeiras e algumas nacionais enviaram uma carta aberta ao vice-presidente com as mesmas reivindicações.
Empresários, especialmente do agronegócio, afirmam que o descaso do governo com meio ambiente prejudica as vendas de produtos brasileiros no exterior.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), porém, os focos de queimadas na Amazônia em junho foram os maiores nos últimos 13 anos.
Segundo Mourão, em entrevista coletiva após a videoconferência, os investidores estrangeiros querem ver “resultados” da política ambiental do Brasil.
Marina Silva ainda comentou sobre o pedido de afastamento de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, feito pelo Ministério Público Federal (MPF).
“A lista de 14 atos levantados pelo MPF, que justificam o pedido de afastamento do ministro Ricardo Salles do Meio Ambiente, mostra como nenhuma propaganda será capaz de camuflar a densa nuvem de fumaça dos retrocessos ambientais do governo”, escreveu no Twitter.
A ex-ministra criticou atos do governo federal que atingiram a estrutura do setor. A Justiça Federal no Pará suspendeu na quarta-feira (8) o decreto de Bolsonaro que transferiu o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura.
O decreto foi assinado em maio e dava à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a competência de formular estratégias, políticas, planos e programas para a gestão de florestas públicas.
“A transferência descabida do Serviço Florestal Brasileira para o Ministério da Agricultura foi derrubada pela Justiça. O Serviço Florestal Brasileiro deveria ser para a proteção das florestas e a economia florestal, o que a Embrapa é para a agricultura”, mensurou a ex-ministra.